viernes, 26 de noviembre de 2010

Organização Política

05-09-2009


Organização Política



Quase toda última metade do século passado foi marcada pela divisão política e social do planeta por dois grandes blocos, o capitalismo e o comunismo. O primeiro tinha como seu representante máximo os Estados Unidos da América(EUA) e o segundo a antiga Rússia. Diversos países se alinharam a cada um deles e assumiram em suas organizações internas idéias que se identificavam ou com um ou com outro. Foi a época da assim chamada “guerra fria”, onde as idéias eram defendidas por armas, pois cada bloco pregava que suas idéias eram as melhores e as idéias alheias ameaçadoras. Foi o período onde mais proliferaram armas, principalmente as nucleares.

Ruiu o comunismo, pregado como tão ameaçador e o capitalismo reinou sozinho em céu de brigadeiro, mas não por muito tempo, pois os problemas se intensificaram. Agora na primeira década do século XXI em poucos anos os sustentáculos do capitalismo, que eram os grandes conglomerados financeiros, começaram a ruir e em poucos anos mais de um trilhão de dólares evaporou-se, afetando milhões de famílias no mundo todo. Diga-se de passagem que os líderes do capitalismo que são os políticos de alguns países e os executivos de grandes conglomerados financeiros e multinacionais de métodos fraudulentos se safaram, pois seus interesses privados acabaram sendo preservados num salve-se quem puder. Os poderosos sempre levam vantagens e os grandes prejudicados de fato são os consumidores finais quer de serviços, quer de produtos. Parece que nenhum dos dois modelos de funcionamento político ou seja, o comunismo e o capitalismo de fato têm garantido uma qualidade de vida às pessoas.

Os problemas relacionados a organização política e social dos países há muito têm sido denunciados por escritores consagrados. Orwell[1948], em seu clássico livro “1984”, já denunciava por metáforas o que estava por vir no mundo que estamos construindo, com invasão de privacidade, uso da tecnologia para o controle total dos indivíduos, destruição ou manipulação da cultura dos povos e guerras para assegurar a paz. Aldous Huxley também faz denúncia semelhante em 1932 em seu livro “ admirável mundo novo” ressaltando os aspectos desumanizadores do chamado progresso científico e material. Algumas de suas idéias nas palavras de Caperuto e Col. “… família, sentimento, espiritualidade, velhice são vistos como conceitos ultrapassados. A reprodução humana em laboratório permite a classificação de uma sociedade dividida em castas. Homens e mulheres padronizados, em grupos uniformes, de acordo com o grau de intelectualidade e funções produtivas. Nascem massas de indivíduos irrelevantes, controladas pelo sistema para servirem e produzirem bens de consumo- uma estratégia de manutenção da ordem social, complementada pelo condicionamento psicológico. E assim, a mídia é, igualmente, segmentada de acordo com a casta a que se dirige. A preservação do corpo físico garante uma aparência eternamente jovem. A liberdade sexual se contrapõe à falta de liberdade, marcada pela proibição da leitura e pela exclusão daqueles que não agem de acordo com as normas do corpo social. A felicidade é estabelecida como norma vigente para a manutenção da estabilidade social, que é atingida pelo uso de drogas e pelo e com o consumo desenfreado…”.

Anthony Burgess[1962] segue a mesma linha de raciocínio em seu clássico livro Laranja Mecânica, também retratado magistralmente em filme por Stanley Kubrick, onde o líder de uma gange Alex é preso e usado numa experiência chamada “Método Ludovico”, e suas idéias e comportamentos são controlados por condicionamento aversivo. Ray Bradbury[1953] também denuncia uma sociedade totalitária controlada pela “Família” em seu famoso livro Fahrenheit451. Já o russo Yevgeny Zamyatin[1924], em seu clássico livro “Nós”, narra a impressão de um cientista sobre o mundo em que vive, uma sociedade aparentemente perfeita mas opressora onde um grupo tenta se rebelar contra o “Benfeitor”, uma espécie de regente supremo da nação. O que se constata no mundo moderno é que as pessoas estão sempre em busca da realização de desejos implantados artificialmente pelos controladores de mentes através da mídia, principalmente dos programas de rádio e televisão, a maioria deles inalcançáveis, como se a felicidade e bem estar pudessem ser decorrência de bens materiais e não de um processo de subjetividade interna. A sensação de infelicidade tem aumentado na mesma velocidade dos problemas e cada vez mais pessoas buscam refúgio na espiritualidade, buscando Deus através de religiões.

• Cláudio Vital de L. Ferreira: Psicólogo, Dr. em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado - Instit. de Psicologia-UFU. Pós-doutorando em Saúde Mental pela Universidade do Porto em Portugal. E-mail: cvital@mailcity.com

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