jueves, 25 de noviembre de 2010

BENS MATERIAIS E NARCISISMO

31-07-2010


Bens materiais e narcisismo


Gostamos de objetos materiais que custam dinheiro e isso às vezes é tão intenso que ter bens se torna uma parte importante de nossa vida afetiva. Quase todas as pessoas gostam de dizer “ adoro ter um carro novo” ou “adoro ter uma casa nova”. E como a vida realmente apresenta problemas todos os dias, preferem encontrar a solução para eles em um elegante escritório numa casa de luxo ou então no banco detrás de uma Mercedes. Usam as palavras “adorar” e “amor” para os bens materiais com a mesma significação com que usam para pessoas próximas de si afetivamente. No entanto, muitas vezes passam mais tempo cuidando dos seus bens materiais do que da esposa, do marido ou dos filhos. Sentem-se mais seguros amando objetos, pois esses podem ser quantificados e lhes dão “status” e admiração, enquanto que o amor à esposa, ao marido ou aos filhos nem sempre é reconhecido e é visto como uma fonte de despesas, além de poder não ser correspondido.

Os bens materiais são excelentes amuletos no reforço da auto-estima. Além disso, ajudam a neutralizar o tormento das ansiedades e inseguranças que sofremos em diferentes graus no dia a dia. Quanto mais os temos, suscitamos nas pessoas sentimentos que misturam admiração e inveja. Se rodarmos em um automóvel velho e barato passamos despercebidos, mas dentro de uma BMW conversível já não somos apenas mais um na multidão. Com bens, temos a nítida sensação que cresce a quantidade de pessoas querendo ser nossos amigos, pessoas que dizem nos admirar, que querem passar o maior tempo possível junto de nós. Tudo parece muito interessante até o momento em que passamos a questionar se de fato essas pessoas nos amam ou estão perto de nós por se sentirem também importantes pela importância que dão aos bens que temos.

Ter bens materiais e se sentir amado pelas pessoas em volta produzem grande satisfação e seu componente principal é o narcisismo. Esse é o tipo de amor mais primitivo que conhecemos e que depois permitimos sublimar, mas que nunca o abandonamos por completo, embora algumas pessoas não consigam um desenvolvimento para esse tipo de amor. Lutar para ter muitos bens materiais e ser amado por todos satisfaz diretamente a esse narcisismo infantil, e o teor de necessidade de bens materiais ou aprovação social permite conhecer o seu tamanho exato.

Uma pessoa que consegue ter sucesso passa a ser vista como alguém com capacidade superior e por isso ganha o respeito da comunidade, ainda que paire suspeita sobre a lisura dos meios empregados para alcançá-lo. Assim, os bens se tornaram a base para a aprovação e o respeito popular e conseqüentemente para a auto-estima. Isso nos permite entender porque tantas pessoas buscam desesperadamente mostrar sinais de riqueza aos outros, ainda que não possuam recursos. Compram automóvel, roupas, relógios, celulares e casa em prestações a perder de vista. Exibir esses “brinquedinhos” aos outros se torna uma obsessão , sendo mais importante muitas vezes que ter dinheiro para comer decentemente. Essas pessoas vivem endividadas, estressadas e irritadas, tudo em busca de migalhas da aprovação social. Como seríamos diferentes se não nos preocupássemos com a aprovação dos outros. Aquele sapato, aquela bolsa, aquele relógio, aquele carro, aquele anel, aquele óculos, aquele celular, provavelmente todos esses e outros objetos não seriam os mesmos se não tivéssemos na mira a aprovação dos outros. Evidente que o incremento da auto-estima por esse combustível tem bases frágeis e apenas evidencia a imaturidade e pouco desenvolvimento pessoal. Apenas uma relação infantil com os pais e irmãos, guiada pelo amor, carinho e respeito, permite bases sólidas, saudáveis e permanentes para o amor próprio.

A manutenção do narcisismo infantil na vida adulta, quase sempre se expressa em forma de um “ego” maior do que o monte Everest. Pessoas assim são pedantes, arrogantes, se acham acima de tudo e de todos e quase sempre perdem o senso de ridículo, pois parte da capacidade de discernimento deixa de funcionar. Esses egos enormes podem ser encontrados em todos os meios sociais, mas são mais freqüentes entre pessoas com poder político, científico, econômico e social.

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