08-05-2010
Domar o corpo: o grande desafio humano
A medida que vai crescendo, o ser humano se defronta com muitos desafios. Todo o processo de crescimento é um desafio e essa transformação somente é possível através da dor. A dor é reveladora de nossa verdadeira identidade e condição finita. Além disso, a tão temida dor é condição para o crescimento. Não que sempre as pessoas crescem quando há sofrimento, uma vez que nem todos conseguem entender a mensagem aí revelada, mas sem esse processo doído que explicita nossa verdade, não há possibilidade de crescimento. Desde o parto até a morte, em todos os nossos passos estão sempre envolvidos o sofrimento e a dor.
O que impede que se possa crescer através da dor, presente em nossas vidas a todo o momento, é a crença na perfeição e na falsa certeza da possibilidade de plenitude e completude. A dor é bem vinda porque denuncia nossa fragilidade e nos lembra a todo o momento nossa condição e necessidade de mudanças. A melhor atitude diante da dor é a reflexão do seu significado quando ela está presente. Se sentimos dor porque estamos doentes, devemos ser gratos à sua existência pois somente a dor denuncia a necessidade de mudanças, quer para que a doença seja sanada, quer para que entendamos a origem da doença. Ao invés de apenas sair correndo a procura de remédio ou médico quando estamos doentes, antes devemos entender a mensagem reveladora que nos é ofertada através da dor. Sem o exercício dessa sabedoria, mais vezes seremos visitados pela doença e a dor, até que ou entendemos a mensagem ou acabamos morrendo. A morte é a revelação concreta da nossa condição finita e imcompleta. Nela revela-se toda a verdade da natureza humana. A morte nos traz à plenitude da revelação da natureza humana e a exposição da igualdade. Não existe morto rico ou morto pobre. Todos os cadáveres são iguais. Lembra-te “ que és pó e em pó te hás de tornar”.
A necessidade de preservação nos impulsiona à busca constante do prazer e a fuga da dor nos levando a ilusão de que o prazer nos preserva e a dor nos mata. Quanto mais permitimos a nosso corpo a descarga dos desejos em busca do prazer, mais somos invadidos pela sensação de vazio e inanição e os riscos de morte aumentam. Por outro lado, quanto mais aprendemos a lidar com a dor e a frustração, mais temos chances de nos desenvolver e acrescentar valores ao nosso crescimento pessoal. Aí talvez esteja o grande desafio humano, uma vez que o crescimento passa obrigatoriamente pela dor.Nosso corpo é preguiçoso, vadio, irresponsável e tem verdadeira aversão à responsabilidade, ao sacrifício, a dor, a frustração e a tudo aquilo que não produz prazer, numa busca constante da comodidade absoluta. Não chegamos a esse ponto porque o processo educacional nos frustrou e nos ensinou, ainda que contra nossa vontade, a nos expor a alguma quantidade de sacrifícios tais com levantar de manhã, ir a escola estudar ou sair para trabalhar e tantas outras atividades humanas.
Quando nos referimos à dor, logo imaginamos uma dor de cabeça ou um machucado ou mesmo uma doença. Claro que nessas situações a dor pode estar presente, mas o conceito de dor vai muito além dessas situações. Ainda que a origem da dor possa estar no corpo, sua percepção é mental. Além disso, a forma como nos inserimos no mundo e interpretamos a realidade é fonte constante de dor e frustração. Claro, a frustração é uma forma de dor, da mesma forma que os sentimentos negativos como tristeza, depressão, estresse, angustia, ansiedade e tantos outros. Nosso corpo não lida bem com a dor e todos os sentimentos e sensações que a geram. No entanto, a recusa durante tanto tempo em fazermos o que devíamos fazer, pelas mentiras que nosso corpo impôs à nossa mente e que não tivemos controle e força suficientes para enfrentá-las, é a grande responsável por mais dor e sofrimento. Dominar o próprio corpo é a tarefa mais difícil do ser humano.Tendemos a ver as dificuldades fora de nós mesmos e embarcamos na crença mentirosa imposta pela nossa mente que quando o mundo mudar, teremos uma vida melhor porque nossa vida vai mudar. Pare de mentir para si mesmo! Se quer que o mundo mudo, mude você primeiro, pois a maneira como vê o mundo é a expressão do teu mundo interno. Quando você crescer, respeitar a tudo o que estiver fora de si, quer pessoas, quer a natureza. Quando tua capacidade de amar te tornar melhor, quanto se tornar realmente uma pessoa boa, terá vestido os óculos de Deus e aí sim conseguirá enxergar o mundo como uma obra perfeita de Deus. Mas até lá, mãos a obra!
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