19-06-2010
Jovem ou velho?
Nos embutiram tantas crenças que estamos convictos que a velhice é uma conseqüência da idade. Anteriormente, uma menor longevidade das pessoas em função das condições desfavoráveis de higiene, nutrição e saúde, permitiu o estabelecimento da idade de 60 anos como sendo o início da velhice. Mas as condições e qualidade de vida melhoraram para muita gente e mesmo num país com tantos problemas e seus reflexos na vida de toda a população, a média de vida já ultrapassou a casa dos 70 anos. É cada vez mais comum pessoas com 80 ou 90 anos. Alguns mais felizardos conseguem inteirar um século de vida com saúde. Quando alguém ainda comete o equívoco de chamar de velho ou idoso uma pessoa com 60 anos, fica com dificuldades para qualificar outros com bem mais idade, buscando palavras tais como “bem mais velho”, bem velhinho” ou “muito idoso”. Mas afinal de contas, o que caracteriza um jovem ou um idoso?
Uma definição provisória pode ser aproveitada nas palavras de Charles Lamb quando declarou que ” a velhice chega quando nossos espíritos tornam-se grisalhos antes de nossos cabelos”. Estamos de acordo com o celebrado escritor Norman Vincent Peale ao afirmar que a velhice começa antecipadamente na juventude para alguns que cheios de orgulho, olham com superioridade para os anos que se aproximam com o espírito de aventureiros, mas antes que tenham andado muito, a vida começa a abater-se sobre eles com seus ventos frios. Eles tentam usar os braços, mas não conseguem. Há outros ainda que, muito tristemente, já tenham se decepcionado uma ou duas vezes e desistem de seus sonhos e labutam exaustivamente ao longo de um caminho do qual o romantismo evadiu-se. Essa é uma das coisas mais tristes que pode acontecer a qualquer um: perder a emoção e a alegria de viver. A senhora Ramsay Macdonald, esposa de um ex-primeiro ministro inglês, quando em seu leito de morte, chamou o marido para uma última palavra sussurrada ao pé do ouvido: “ Conserve o romantismo da vida de nossos filhos”. Sábia senhora. O romantismo é o combustível da vida. Sem ele pode-se morrer aos 20, 50 ou 100 anos. Com ele, conservam-se abertas as portas da eternidade.
Há um determinado modo de saber se você está velho. Ela não tem a ver com a idade cronológica e sim com sua relação com a vida. Reveja o seu estado de espírito ao levantar-se pela manhã. A pessoa jovem acorda com uma estranha sensação de excitamento, uma sensação que suas palavras não conseguiriam explicar caso o tentasse, mas é como se dissesse: “ Este é o grande dia; este é o dia em que acontecerão coisas maravilhosas”. Independentemente de como foram os dias anteriores, essa pessoa está segura que esse dia será especial e que coisas extraordinárias irão acontecer. Essa pessoa decreta que cada segundo do seu dia será encantador, uma verdadeira dádiva de Deus e como universo não falha, ouvirá suas preces, dando-lhe todas as condições para um dia impar. Uma pessoa assim se emocionará com o desabrochar de uma rosa ou com o canto de um pássaro e o sorriso de uma criança será a completa expressão do poder e infinita bondade de Deus. No entanto, O indivíduo velho, terá grande dificuldade para acordar e, quando o fizer, independentemente da idade, levanta com o espírito diferente, sem a expectativa de que acontecerá qualquer coisa importante. Será apenas um dia como todos os demais. Talvez espere que não seja pior. A mesma flor desabrochando trará o temor da ferroada da abelha, o cantar do pássaro talvez perturbe o seu silêncio e o sorriso da criança provavelmente passará despercebido.
Algumas pessoas retêm o espírito de expectativa e a capacidade de se emocionar aos 70 anos, enquanto que outros o perdem muito cedo. Peale resume magnificamente bem o que quero dizer ao afirmar que a idade de uma pessoa, na verdade, representa o quanto ela conserva do romantismo na vida. O romantismo na vida é um bem muito precioso que perdê-lo é a maior tragédia. Embora possamos adquirir muito em riqueza, fama ou honrarias, a verdadeira alegria da vida não está nisso, mas, ao contrário, está em dar prosseguimento a esse romantismo. Nada oferece felicidade tão completa e profunda como o milagre e o mistério eternamente novos da vida excitante. Como você acorda pela manhã? Quanto de romantismo conserva em tua mente e coração? Quanto te emociona o desabrochar da rosa, o cantar dos pássaros ou o sorriso de uma criança? As respostas a essas questões dirão exatamente a idade que você tem.
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