viernes, 22 de abril de 2011

FELIZ ANIVERSÁRIO

16 de abril de 2011


Cláudio Vital Psicólogo


Hoje completo sessenta anos de vida. Foi às vinte horas e trinta e cinco minutos do dia 16 de abril de 1951, num vilarejo no interior de Santa Catarina chamado Serra da Pedra, município de Jacinto Machado. Último de doze filhos, nasci no quarto de meus pais de parto normal, muito bem conduzido por minha mãe, assistida apenas por meu pai.

Sessenta anos de vida me ensinaram muitas coisas. Ainda que tenha escolhido a profissão de psicólogo e professor, aprendi muito mais do que ensinei. Hoje costumamos identificar aprendizado com Escola ou Universidade e olhamos com desdém para quem não sentou nesses bancos ou aí permaneceu poucos anos. Pois as pessoas que mais me influenciaram e mais me ensinaram, tinham poucos estudos formais. Começo por meus pais, que lançaram os alicerces da minha personalidade, principalmente minha mãe que conseguiu manter a sabedoria tão comum nas crianças, por mais de oito décadas.

Meu pai, engenheiro agrimensor, conseguiu plantar em mim a semente do desejo de estudar “para poder crescer na vida”. Fui obediente, estudei muito e entendi a importância dos estudos num mundo dominado pelo capitalismo, mas a vida foi me mostrando que as informações, sem a sabedoria, de nada servem. Entendi também que, essa pérola, tão clara em Provérbios, na Bíblia Sagrada, convive melhor com as pessoas que se abriram e adquiriram o aprendizado da vida, do que com os que gastaram muitos anos de suas vidas sentados nos bancos de educação formal.

Quando se tem sessenta anos, já houve tempo para a construção de uma história e já podemos olhar para ela e fazer um balanço das coisas que fizemos e das que deixamos de fazer e certamente nos dói ver as coisas que fizemos e não deveríamos ter feito ou então das coisas que deveríamos ter feito e, por algum motivo qualquer, deixamos de fazer. Em alguns momentos precisei criar comportas, fechando as portas de uma parte do passado que poderia atrapalhar meu crescimento presente e futuro. Hoje entendo que devia ter amado mais e brigado menos. Que na mente está a chave que abre tanto as portas do sucesso quanto a do fracasso. Que é nela onde são geradas todas as idéias que irão traçar nossa história através do comportamento e ação. Que os problemas que tantas vezes atribui quer a minha esposa, quer aos meus filhos ou amigos e mesmo ao governo em verdade estavam dentro de mim e que eu não tinha o poder de consertar o mundo, mas podia e precisava mudar a mim mesmo.

Nesses sessenta anos, ao olhar para trás vejo o quanto cresci pouco. Quantas vezes dei mais atenção e me preocupei mais com as coisas do que com as pessoas. Quantas vezes permiti que a preocupação em ganhar dinheiro me deixasse longe física e afetivamente dos meus filhos. Quantas vezes não entendi que eles precisavam não de uma bronca, mas apenas de um sorriso e de um abraço. Quantas vezes não disse “ eu te amo” para as pessoas que de fato eu as amava. Quantas vezes me apercebi hipnotizado pelos programas de televisão e, nessa época, cheguei a acreditar que “ as coisas são assim mesmo” e que tinha que me conformar com a ordem vigente, ainda que a considerasse tantas vezes injusta. Entendi que os seres humanos são muito parecidos. Todos querem ser felizes, viver em harmonia e ter uma condição financeira que lhes permita uma vida digna. No entanto, vi que poucos estão dispostos a pagar o preço do sucesso. Napoleon Hill diz que apenas de vez enquanto alguém se destaca na multidão, se afasta dela e começa a ser agente da própria história e seus atos mudarão a história de muita gente. Ainda que todos precisam da colheita, ela não virá para os que precisam, nem para os que desejam. Ela não virá para os que não semearam. Ela não virá para os que não acreditaram em si mesmos e nas oportunidades que a vida lhes apresentou. Ela virá para quem merece. A colheita será abundante apenas para aquelas que trabalharam duro e focados e não desistiram de seus sonhos.

Sessenta anos me ensinou que o medo é o pior inimigo de um homem e a fé seu principal aliado. Como diz Hill, “ Quando você chegar ao ponto crucial das circunstâncias que elevam alguns homens a posições eminentes na vida e condenam outros à penúria e à necessidade, a probabilidade é de que suas posições grandemente distanciadas uma da outra, reflitam suas respectivas atitudes mentais. O homem elevado escolhe a estrada elevada da Fé. O homem medíocre escolhe a estrada do Medo. Nessa hora, educação, experiência e habilidades pessoais são coisas de importância secundária”.

Quando o professor de Thomas A. Edison o mandou de volta para a casa antes do terceiro mês na escola com um bilhete para os pais, dizendo que era um burro pois não aprendia nada, ele tinha a melhor desculpa para se tornar um marginalizado, um “João-ninguém” e se conformar com a realidade. Mas esse homem decidiu não ser apenas mais um. Jamais perdeu a Fé em si mesmo, colocando sua mente em sintonia com o Poder Infinito e sabedoria da grande Mente, o Universo e fez de Deus seu principal sócio e aliado. Ao invés de acreditar no professor e assumir um papel de fracassado, tornou-se o fabuloso gênio da invenção e agora, toda vez que vemos uma lâmpada elétrica, escutamos uma música ou assistimos a um bom filme, devemos ser gratos a esse homem. Sua fé, luta e persistência tornaram o mundo bem melhor.

A FORÇA DE UM OLHAR

9 de abril de 2011



Cláudio Vital Psicólogo


Como sabemos, a visão é um dos cinco sentidos. Provavelmente o mais importante de todos. Tantos atos conseguimos praticar e tantas informações temos acesso apenas através da visão. Interessante, no entanto, que nem sempre estamos preparados para ver aquilo que nos está sendo mostrado e se tornou disponível ao raio da visão. Sempre temos que estar preparados para poder enxergar. Não basta ter olhos sadios, pois, para ver na profundidade que os olhos são capazes de mostrar, você precisa aprender a ver através dos olhos da alma. A maioria das pessoas apenas consegue ver o óbvio. Uns poucos conseguem ver muito mais. É o chamado “Poder da Visão”. A maioria das pessoas renuncia a esse poder quando age em função das aparências. Os sonhadores agem não em função daquilo que seus olhos físicos lhes mostram, mas por aquilo que os olhos da alma lhes mostram, pois pela fé pegaram emprestados os olhos de Deus.

Quando estamos preparados, conseguimos captar a intensidade de informações, sentimentos e desejos que apenas o olhar é capaz de transmitir. Veja, por exemplo, um casal de apaixonados. Quanto mais aumenta a paixão entre ambos, menos usam as palavras, substituindo-as pelo olhar para comunicar o que vai dentro do coração. Assim são capazes de ficar muito tempo em mútua contemplação através dos olhares. Conseguiram entender que jamais as palavras expressam os sentimentos com a fidelidade alcançada pelo olhar. As mães e seus filhos conseguem transmitir e captar sentimentos muito intensos através do olhar. Crianças, às vezes apavoradas diante de uma determinada situação, conseguem em poucos segundos se acalmar após cruzar seu olhar com o da mãe. Talvez essa seja uma das formas de comunicação mais intensa entre mãe e filho, tão bem desenvolvida no primeiro ano de vida quando a criança ainda não consegue se comunicar pela palavra. Lembro-me de alguns episódios de minha infância quando era intensa a comunicação entre minha mãe e eu através do olhar. Na região onde nasci e vivi minha infância, no sul de Santa Catarina, num vilarejo com muitos imigrantes de origem italiana, sempre que se recebia uma visita, era costume servir-lhe algo. Se fosse horário de refeição se convidava insistentemente para que sentasse junto a mesa para comer. Se não fosse horário de refeição, os donos da casa preparavam um “café com mistura”, onde,além de servir café com leite tirado de uma vaquinha que podia ser vista no pasto ao lado da casa, também preparavam diversos quitutes deliciosos que eram preparados na hora. Assim, quando sentávamos em torno da mesa, víamos aquela abundância de alimentos de dar água na boca. Eu devia ter algo como cinco ou seis anos. Como sou o filho mais novo de doze, minha mãe sempre me levava com ela como companhia, e dizia que eu era sua mascote. Quando nos sentávamos e eu acabava de comer algumas guloseimas que minha mãe colocava próximo à minha xícara, a dona da casa mandava eu me servir mais. A primeira coisa que eu fazia não era me servir, mas olhar para minha mãe. Por seu olhar eu sabia se devia aceitar ou não, pois ela ficava atenta à quantidade de comida e as pessoas que estavam à mesa para comer. Se visse que iria sobrar comida, seu olhar me dizia ”aceite” e eu me deliciava de novo. Do contrário, seu olhar dizia “ não aceite”, e eu entendia claramente a mensagem dizendo à anfitriã” não, muito obrigado”, até porque, se não o fizesse, posteriormente, ao caminho para casa, levaria bronca.

Os olhares comunicam muito mais do que as palavras e essa comunicação pode ser transformadora. Veja esse episódio: “Prenderam a Jesus então e conduziram-no à casa do príncipe dos sacerdotes. Pedro seguia-o de longe. Acenderam um fogo no meio do pátio, e sentaram-se em redor. Pedro veio sentar-se com eles. Uma criada percebeu-o sentado junto ao fogo, encarou-o de perto e disse: Também este homem estava com ele. Mas ele negou-o: Mulher, não o conheço. Pouco depois, viu-o outro e disse-lhe: Também tu és um deles. Pedro respondeu: Não, eu não o sou. Passada quase uma hora, afirmava um outro: Certamente também este homem estava com ele, pois também é galileu. Mas Pedro disse: Meu amigo, não sei o que queres dizer. E no mesmo instante, quando ainda falava, cantou o galo. Voltando-se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra do Senhor: Hoje, antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes.Saiu dali e chorou amargamente”(Lucas,22:54-62). . Imagine você o que aconteceu exatamente naquela fração de segundo quando o olhar de Jesus se cruzou com o de Pedro. Certamente, após três vezes o ter negado, foi esse olhar de Jesus que provocou a conversão de Pedro e o transformou completamente, mudando desde então a vida de milhões de pessoa pelo mundo.