lunes, 5 de septiembre de 2011

QUEM TE REVELOU QUE ESTAVAS NU?


Cláudio Vital de L. Ferreira*

De bem pouco precisamos para viver e ser feliz. Os seres humanos são muito parecidos: nascem , dependentes e desprovidos de bens que serão necessários para sua sobrevivência. Sua família, principalmente através de seus pais, irá prover as condições básicas para sua sobrevivência e desenvolvimento. Tudo o que têm lhes foi dado, quer seja por herança divina através do corpo e inteligência, quer pelos pais através dos bens materiais quer como retribuição pelo suor do próprio rosto. Não fui diferente. Nasci pobre num pequeno vilarejo chamado Serra da Pedra bem ao sul de Santa Catarina, no quarto simples de meus pais, sendo meu pai o parteiro. O parto foi tranqüilo. Afinal de contas, depois de onze partos, meus pais já tinham desenvolvido um ótimo “know How”. De nossa casa era possível ver a encosta da Serra Geral e a neve que a visitava todos os anos no inverno, nos premiando com uma magnífica paisagem, mas nos poupando de seu rigor, uma vez que em toda a minha infância aí passada, nunca nevou onde nasci.
Outro dia repassei com cuidado todas as cavernas de minha memória. Tomei o cuidado de vasculhar cada dobra com todas as recordações que me foram acessíveis ao consciente e as mais doces e felizes estão relacionadas com os onze anos de minha infância em que aí vivi.Os momentos de felicidade foram muitos e freqüentes. A pequena casa onde nasci existe até hoje.A propriedade foi vendida por meus pais quando ainda vivos, mas quem a comprou não a demoliu. É uma casa de não mais de cinqüenta metros quadrados, toda em madeira rústica, com um jirau mostrando os baldrames que sustentavam seu telhado e por onde corriam na escuridão da noite ratazanas enormes em busca de alimentos sem me provocar qualquer tipo de medo, pois tínhamos um acordo eles não me mordiam e eu não fazia mal a eles. A Altura desse jirau não ultrapassava um metro e meio e desde bem pequeno aprendi a ser cauteloso ao andar no escuro, tão logo minha altura ultrapassou essa medida, pois o descuido deixou algumas marcas na minha cabeça. Esse jirau continha três camas e eram nelas que dormíamos eu e meus dois irmãos. Nós três éramos os últimos filhos de doze que tiveram seu José e dona Elza.
Em torno dessa casa, meu pai plantou um pomar com a maioria das frutas existentes na época na região. Desde pequeno comi muito pêssego, ameixas, cerejas, vergamota, laranjas, uvas e figos. Algumas outras frutas meu pai propositalmente não as plantou em volta da casa, como o araçá e a guariroba, que chamávamos de gavirova. A vontade de comer outros frutos além dos plantados por ele, nos deu coragem para entramos na mata e caminharmos nas margens do rio que havia bem próximo à casa. Aí havia muitos pés nativos de gavirova e araçá, sem contar as deliciosas quaresmas, sempre amarelinhas nas semanas que antecediam a Páscoa. Lembro de três guaresmeiras enormes na outra margem do rio, nos obrigando, para degustamos seus deliciosos frutos, a travessar suas águas buscando o local mais raso. Quanto mais delicioso o fruto, mais difícil alcançá-lo. As quaresmeiras, acostumadas todos os anos a serem apedrejadas por nós em busca de seus frutos, os escondiam entre as folhas de suas copas a mais de cinco metros de altura. Confesso que de tanto ver meus dois irmãos jogando pedras que eram abundantes na encosta do rio, aprendi a ter pontaria e quase sempre podia comer do fruto objeto do desejo, bem antes de acabar a munição. Lembro que às vezes nem havia quaresmas nas quaresmeiras e sabíamos disso eu e meus dois irmãos, mas dávamos a desculpa que iríamos buscar quaresmas para poder tomar banho no rio, longe da vista de nossos pais, que tinham medo de nos afogarmos diante de alguns trechos com mais de três metros de profundidade. Na tentativa de evitar com que descobrissem nossa arte através da roupa molhada, tomávamos banhos nus e jamais senti vergonha por isso.
Caminhávamos o dia todo para cumprir as tarefas ou para ir até a Escola aliás de nome lindo: “ Escola Desdobrada de Pedra”. Não era de pedra e muito menos desdobrada, mas foi aí que fiz minhas primeiras artes junto com os colegas antes de aprender a ler. Com eles também aprendi a construir meus próprios brinquedos que encantavam mais pela dificuldade em construí-los do que pela beleza da obra. Para levar o arroz para ser descascado na atafona, que chamávamos de tafona, tínhamos um cavalo, muito manso, que pacientemente levava o arroz com casca e trazia ele pronto para ser preparado em forma de arroz brejeiro, ora por minha mãe, ora por meu pai. Minha mãe preferia usar entre os temperos a salsinha e a cebolinha. Já meu pai tinha como segredo para dar sabor o tomatinho que colhíamos em abundância na horta que cultivávamos.
“O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no Jardim do Éden para o cultivar e o guardar(Gen,2:15). Lembro-me que bebíamos limonada adoçada com açúcar grosso e fazíamos suco de laranja. Eu sabia exatamente qual laranjeira dava o melhor fruto que não precisava adicionar açúcar e era desse pé que terminavam primeiro as laranjas. Bergamota haviam muitas pois meu pai, mesmo sem apreciá-la como eu, havia plantado muitos pés e meu prazer era mês de maio e junho subir até a copa e ficar envolvido por tantas frutas amarelinhas que me dava ao luxo de escolher para chupar apenas as de tamanho avantajado. As pequeninhas eram consumidas apenas quando a safra estava acabando e por total falta de unidades grandes. Também cultivávamos a terra e, do que me lembro, comprávamos na bodega apenas o sal, pois tudo o resto produzíamos. Uma vez estávamos almoçando e meu pai pediu a atenção de todos e contou em voz alta os alimentos sobre a mesa. Eram tantas as variedades que o total alcançou a dois dígitos. “ Deu-lhe Deus esse preceito: Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente”(Gen 2:16-17).
Nesse período de minha infância, meus irmãos mais velhos já moraram fora de casa e alguns em Porto Alegre. Eles vinham nos visitar e aos poucos fui ouvindo que as cidades grandes tinham muitos atrativos: haviam refrigerantes deliciosos servidos em pequenas garrafas, haviam ônibus e automóveis para as pessoas irem de um lugar para o outro. Haviam brinquedos lindos que se compravam prontos, muitos deles importados. Haviam muitos tipos de doces e balas que podiam ser comprados facilmente.Haviam sanduiches deliciosos feitos na hora em bares e lanchonetes. Tudo isso foi incutindo em mim a certeza que lá sim era possível ser feliz e fui sendo seduzido primeiro pela dúvida, depois pela certeza, que em cidade grande sim era possível ser feliz. “ A serpente disse à mulher: “ é verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”. A mulher respondeu-lhe: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim Deus disse: Vós não comereis dele, nem o tocareis, sob pena de morte”. “ Oh, não!- tornou a serpente – vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal” ( Gen 3:1-5).
A cidade finalmente me seduziu. Não foi Porto Alegre, pois pensei que se a felicidade habitava as grandes cidades, para obtê-la em sua plenitude, nada melhor do que S. Paulo. Tive contato com os objetos de desejo de um adolescente, ainda que não pudesse adquiri-los porque não tinha dinheiro. Lembro inclusive de uma prostituta que fazia ponto próximo a rua Bom Pastor no Ipiranga e que fatalmente eu passava por ela quando retornava da Faculdade na Av. Nazaré. Foi aí que entendi pela primeira vez o que era tentação e o esforço que um celibatário precisa fazer para não ser sucumbido pelo desejo. Foi nesse contexto que o véu se rasgou e vivi um dos piores anos de minha vida e pela primeira vez senti saudades de minha infância.” A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. Então os seus olhos se abriram; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, coseram-nas e fizeram cinturas para si”(Gen.3:6-7). “ Mas o Senhor Deus chamou o homem, e disse-lhe: “ Onde estás?”. E ele respondeu: “ Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim e tive medo, porque estou nu e ocultei-me. O Senhor Deus disse: “ Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?”(Gen:9-11).
Sofro do mesmo mal de nossos primeiros pais. Quem me revelou que eu estava nu foi a inveja. Sim, enquanto vivia onde nasci com meus pais e meus irmãos, tudo era encantador, o que tínhamos me bastava, mas foi apenas o marimbondo da inveja ter me picado, então comecei a me comparar com os outros e com o que eles tinham e, então, perdi a felicidade e tolo como sempre fui, passei a buscá-la inutilmente até hoje, ora em uma grande cidade, ora numa casa grande e confortável, ora a bordo de um bom automóvel. Hoje tenho dinheiro para comprar uma boa parte das coisas que quero, mas perdi definitivamente o esplendor da felicidade inerente às coisas simples fornecidas diretamente pela mãe natureza e por meus pais e que habitam minha mente em forma de saudade. Como diz meu amigo Rubem Alves,” a inveja não mata. Ela só faz destruir a felicidade. O invejoso é incapaz de olhar com alegria para as coisas boas que ele possui. Os seus olhos são maus. Basta que uma coisa boa que se possui seja por eles tocada, para que ela apodreça”(Cenas da Vida,Pg.84). Conclui que a gratidão é o remédio doce para curar o olho mau. No entanto, para os tolos como eu, o remédio amargo é empurrado goela abaixo quando a desgraça bate à porta e, se partindo a taça de cristal, se rompendo o fio de prata, o que era reto fica torto e o que estava vivo de repente morre. “ Quando a dor é muita as lágrimas não deixam os olhos ver o que os outros têm. E a inveja, assim, morre. Mas então já é tarde demais”.

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado aposentado - Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012



lunes, 15 de agosto de 2011

A PATOLOGIA DA NORMALIDADE

Cláudio Vital de L. Ferreira*
Definitivamente a normalidade dos dias de hoje está cada vez mais intolerável para mim. A mídia, principalmente a televisão, tem nivelado as mentes. Está se tornando proibido pensar. Faustão pensa por nós. Ana Maria Braga pensa por nós. O “jornal nacional” pensa por nós. A “Globo” pensa por nós. E tome novelas, filmes, frivolidades e passa tempo, num processo constante de manutenção da hipnose, pois é proibido pensar.
Tornou-se “normal” passar de 30 a 40 anos levantando todos os dias de madrugada para ir trabalhar, pegando ônibus superlotado na ida e na volta para percorrer o trajeto de casa ao trabalho, deixando os filhos aos cuidados de outras pessoas, às vezes parentes, outras empregadas ou então em creches e escolas, para no final de tantos anos se aposentar doente com um soldo miserável. Tornou-se normal e necessidade a mulher também entrar no mercado de trabalho para ajudar nas despesas da casa, deixando de lado a educação dos filhos. Isso todo dia, todo dia, todo dia. Os finais de semana são vividos como verdadeiras bênçãos de Deus, quando se dorme, se come muito, se vê Televisão. Sexta a tarde, apesar de todo o cansaço da semana, suscita alegria, pois amanhã é sábado e depois domingo. E quando há um feriado, que delícia! Domingo à tarde e Segunda de manhã são momentos de angústia e estresse, pois lá vem outra semana dura, levantando de madrugada e chegando tarde da noite depois de um dia de muito trabalho e desgaste. Tornou-se normal se comer sanduíches, os chamados “fast food” para não se perder tempo e se ganhar quilos a mais e saúde a menos. Se tornou normal trabalhar muito para se ganhar sempre menos do que necessitamos para sobreviver, onde o salário se evapora nos primeiros dias, enquanto o mês parece demorar uma eternidade para terminar.
Tornou-se normal escutar música sertaneja, rock, e funk. Os riquinhos então amam se martirizar com essas músicas tocadas em volume estridente produzido por aparelhos possantes dentro de caminhonetes reluzentes. Tornou-se normal buscar levar vantagem em tudo, dentro da popularmente conhecida “ lei de Gerson”. Somos auto complacentes quanto a transgredir leis, a cometer ilicitudes, pois afinal de contas “ todo mundo comete”. Tornou-se normal criticar os altos salários dos políticos e principalmente seus atos por serem considerados pouco éticos, mas se sonega imposto, se desrespeita o sinal de trânsito, se xinga pedestres atravessando a rua sobre a faixa branca. É um salve-se quem puder onde o mais “ esperto” sempre acha que vence.
Quase trinta anos de vida acadêmica me tornaram normal demais.Limitado que sou, muito mais do que a maioria das pessoas a minha volta, demorei algumas décadas para me rebelar. Definitivamente precisei enlouquecer. Napoleon Hill considera esse processo muito difícil pois todos caminham empurrados para uma mesma direção e para eles você está na direção errada. Uma universidade onde dei aulas durante seis anos me demitiu, pois alguns alunos perceberam que eu estava doido. Eu não dava as aulas mais da forma que esperavam de mim. Eu questionava as teorias acadêmicas. Eu me recusava a pensar pelos alunos. Eu puxava os alunos para que pensassem e construíssem a própria história a partir de suas raízes e problemas. Meus dois últimos anos em uma Universidade Federal, antes de aposentar, depois de duas décadas e meia como docente aí, foram tumultuados. Eu não ensinava mais aquilo que exigiam que eu ensinasse. Os alunos se preocupavam com notas e freqüência. Meus colegas docentes estavam preocupados se eu estava cumprindo o “programa” e se o que eu estava “dando aos alunos” estava dentro do “cronograma”. Ou seja, eu tinha que cumprir um “script”. Tudo certinho, estabelecido, definido. Desgostei alunos, colegas docentes, coordenador de curso e minha chefe. Era proibido pensar. A ordem era passar “conhecimentos” aos alunos, transmitir “conhecimento” e exigir em provas e trabalhos o aprendizado do meu pretenso conhecimento das tais teorias acadêmicas. Me dei conta que por muito tempo reproduzi de forma sofisticada o mesmo processo de hipnose usado por Faustão e “ratinho” na Televisão.
Não consigo mais ser normal. Nos últimos anos tenho piorado bastante. Universidade para mim tem o mesmo sentido dado pelo grande José Pacheco à Escola da Ponte. Quase sempre é enfadonho ver televisão. As músicas que a maioria das pessoas gostam me martirizam. Levanto cedo para fazer o que gosto e não para ir bater ponto em um emprego. Amo trabalhar finais de semana onde todos descansam. Adoro brincar com minha filhinha de sete anos e me emociono toda vez que seu olhar cruza com o meu.
Nasci na roça no sul de Santa Catarina e aí vivi toda minha infância. Era feliz com meus pais e alguns irmãos. Adorava procurar araçá na mata para comer. Subia em coqueiros para colher seus coquinhos quando amarelos. Ah que delícia aquelas quaresmas amarelinhas à beira do rio. Como era gostoso tomar banho nu no rio de águas cristalinas. Era incrível a caça as rãs para comê-las, depois de fritas por minha mãe. Peguei uma vez um jundiá enorme bem na beira do rio, de causar inveja aos meus dois irmãos que conviviam mais de perto comigo e gostavam de pescar em águas mais profundas. Que sensação de liberdade caminhar de pés no chão pela mata às margens do rio e poder fazer xixi ao pé de uma árvore. Como me sentia acolhido quando a noite, a luz de um lampião nos sentávamos para jantar e depois conversar em família e por último, antes de ir dormir, ouvir uma estorinha ora contada por meu pai, ora por minha mãe. Eu era muito feliz, mas ouvia sempre em um velho rádio à bateria que meu pai tinha, que a vida era bem melhor em uma cidade grande. Comecei então a sonhar que seria melhor morar em uma grande cidade. Porto Alegre seria legal, mas se fosse Rio de Janeiro seria um sonho. Se pudesse um dia morar em uma cidade no Exterior então seria inacreditável. Morar em Londres, na Inglaterra, passou a ser um dos meus maiores objetivos na época. Nunca morei em Porto Alegre, mas morei no Rio de Janeiro onde fiz minha graduação. Morei também em S Paulo. Foi aí que percebi que cidade grande tem menos encantos do que eu pensava. Morei em Barcelona na Espanha e realizei meu sonho de morar em Londres. Aos 60 anos de idade a vida me ofereceu muitas oportunidades as quais aproveitei para conhecer lugares diferentes e aprender com a experiência.
Hoje me dei conta que a ordem estabelecida pela natureza me harmoniza enquanto que a produzida pelo homem me estressa. Não tenho mais ilusões sobre as “vantagens” das cidades grandes. Percebi que a vida é simples como a natureza é simples. Somos como a semente, nascemos, vivemos e morremos! Simples! Mas, a sabedoria nos ensina que a felicidade não se encontra no final. Como diz o grande Guimarães Rosa : “ a coisa não está nem na partida nem na chegada; está é na travessia”.Não existe prazer maior do que sentar próximo a uma mata de buritis e ouvir a orquestra produzida pelo vento em suas folhas, acompanhada do som de inúmeros pássaros e insetos. Quer beleza maior do que o grande espetáculo produzido pela natureza? Para qualquer lugar que olho, a natureza me fascina e me comove. Para mim, é principalmente através desse grande espetáculo que Deus se manifesta. A sabedoria e a grandeza de Deus está contida em cada detalhe da natureza, quer na disciplina da formiga, no destemor dos gafanhotos, na infinitude do céu ou no horizonte da extensão do mar. Ah o mar! Sinto a espuma e a areia acariciando meus pés! Chuá...chuá! La vem a onda!

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado aposentado - Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012

martes, 21 de junio de 2011

SOFRIMENTO: UM DOS MILAGRES DA VIDA

Cláudio Vital de L. Ferreira*
Ontem a noite fui fazer uma visita ao pai de uma amiga, a seu pedido. Ele tem 56 anos e está com a saúde muito abalada. Tem diabetes, insuficiência renal, problema cardíaco e já passou por duas cirurgias. Encontrei um homem abatido, sentado em uma cadeira, com fisionomia preocupada com poucas perspectivas. Ao lhe perguntar qual eram suas expectativas para o futuro, disse que dado seu estado, acreditava poder viver no máximo mais um ano. Na anamnese relatou hábitos pouco saudáveis, principalmente em termos de alimentação, mas completou: “ Estou disposto a mudar o que for preciso para ter saúde de novo”.
O sofrimento é talvez a forma mais eficiente deixada pelo Criador para proporcionar mudanças em áreas onde parece impossível ou muito difícil ao ser humano mudar. Esse mesmo homem é um alcoólatra, mas desde que desenvolveu uma cirrose hepática parou de ingerir bebida alcoólica apenas com o uso da vontade. Claro que o sofrimento nunca é bem vindo, mas sem ele o ser humano teria crescido pouco além dos animais e todo o tempo da sua história o teria levado a poucas mudanças não fosse sua ação milagrosa. Napoleon Hill considera que o sofrimento é um dos meios mais efetivos através do qual a natureza condiciona os seres humanos para que se tornem humildes e cooperativos nas relações humanas. Sem a influência produtiva do sofrimento, o ser humano estaria ainda no mesmo nível dos animais, pois é ele que rompe as barreiras entre o homem físico e instintivo e suas potencialidades espirituais. Quanto menos dor, mais nos identificamos com os valores e crenças mundanas. Quanto mais dor, maior a proximidade da espiritualidade e de Deus. Além disso, o sofrimento quebra velhos hábitos viciados e os substitui por novos e melhores. Isso sugere que o sofrimento é um artifício da natureza através do qual ela impede que o homem se mantenha escravizado pela complacência e auto-satisfação.
Sem o sofrimento não há evolução. Ele força o homem a fazer uma análise introspectiva através da qual descobre a cura para todos os seus males e decepções. Com muita freqüência o homem descobre os poderes estupendos que tem, apenas depois de passar por experiências de desilusão no amor, fracassos nos negócios ou doenças e tragédias fora de seu controle. Esses episódios provocam tanta dor que conseguem derrubar as cortinas das falsas crenças mentais das limitações auto impostas provocadas pelo magnetismo animal, fazendo a ponte entre as impossibilidades humanas e o poder infinito do Universo que é Deus. Prova disso são as curas milagrosas e as transformações incríveis em algumas pessoas que jamais aconteceriam se não fosse o milagre do sofrimento.
O desenvolvimento pessoal que tira o homem do meramente instintivo e animal e o transforma em um ser superior, somente é possível através do sofrimento. O melhor antídoto para a arrogância, a prepotência, o egoísmo, a vaidade e o narcisismo é o sofrimento. É o denominador comum universal que serve para apaziguar a bestialidade humana, trazendo a paz e a harmonia. Ele nos conduz à realidade humana e nos mostra quem de fato somos, independente da classe social a que pertençamos ou aos bens que possuímos. Em momentos de sofrimento as pessoas tiram a máscara e se revelam como realmente são, pois o sofrimento é a hora da confissão aberta tanto para os humildes como para os orgulhosos. Sem a emoção do sofrimento o homem seria um animal tão feroz quanto o mais selvagem tigre, porém muito mais perigoso por causa de sua inteligência superior. A dor é o melhor domador da natureza humana. O Criador impôs a dor e o sofrimento ao ser humano para garantir a moderação no uso de sua superioridade. Os sádicos e criminosos são geralmente indivíduos de grande inteligência sem a capacidade para o sofrimento. No entanto, nos alerta Hill que, da mesma forma que o fracasso, o sofrimento pode ser uma bênção ou uma maldição, dependendo da reação suscitada. Se for entendido como uma força poderosa capaz de nos disciplinar e alterar o curso de nossa vida sem ressentimento, pode se transformar em uma grande bênção. Se for ressentido, se nenhuma semente boa for percebida como nascida dele, se não formos capazes de tirar as lições e benefícios que nele estão escondidos, se não formos capazes de perceber e cultivar a semente de um bem igual ou maior, então terá se transformado em uma maldição. A escolha é individual. Somente a atitude explica o resultado tão diferente em pessoas que passaram por intensa dor ou fracasso. O sofrimento de Abraham Lincoln pela perda de Ann Rutledge, única mulher que amor verdadeiramente o transformou em um dos maiores lideres que os EUA já conheceram. O sofrimento, a pobreza e o fracasso que acompanharam Napoleon Hill até seus cinqüenta anos, fundiram na brasa ardente sua personalidade, limpando todas as impurezas e o transformando em um grande homem benfeitor da humanidade. Conheço diversas pessoas que foram beneficiadas pela dor e o fracasso, além de mim. Cito um grande amigo antes conhecido como “ tolerância zero” por sua arrogância, que precisou passar pelo fracasso como vendedor de madeiras, com dívidas de mais de trezentos mil reais, para se transformar em um homem afável, educado e bem sucedido profissionalmente, ajudando milhares de pessoas a mudar suas vidas através da saúde física e financeira.
Se você for sábio, vai aprender a avaliar corretamente o sofrimento e será grato a Deus por ele ao perceber a semente de um benefício muito maior que a dor sofrida, com potencial de realmente te fazer gente. Você reconhecerá seus benefícios sempre que eles aparecerem e entenderá que o sofrimento é um dos mecanismos básicos da natureza pelo qual ela separa o homem de seu passado animal criando a ponte entre seu subconsciente e o Universo que é a Mente Infinita-Deus, de onde emanam poder e riquezas inesgotáveis.

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Aposentado
- Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012

miércoles, 15 de junio de 2011

POBREZA: DESTINO OU OPÇÃO?

Cláudio Vital de L. Ferreira*

A maioria das pessoas no mundo vive em condições tão precárias que se enquadra dentro da classificação de pobre ou miserável. Uma minoria controla quase toda a riqueza do mundo. Quase sempre buscamos comparar e nos inserir em alguma classe relacionada com as condições econômicas. Por mais criativo que seja o malabarismo do raciocínio mental, sempre ficamos insatisfeitos com a conclusão e imaginamos merecer mais. No entanto, nos desculpamos por estarmos abaixo de onde gostaríamos de estar na escala econômica e culpamos os outros. Nos consideramos grandes batalhadores, acreditamos piamente que aos outros foram dadas melhores condições para crescer na vida e pior de tudo, nos convencemos que os ricos apenas adquiriram essa condição porque usaram de algum recurso ilícito. Quando assim procedemos e nos conformamos com esse raciocínio, não sentimos culpa, pois toda a responsabilidade sobre nossa pobreza e fracasso está depositada nos ombros alheios e não no nosso.
Se você é uma dessas pessoas, saiba que está se enganando. Apenas você é responsável por teu sucesso ou fracasso. Ainda que aparentemente o Universo tenha dado mais talentos a alguns do que a outros, isso é tão ilusório quanto acreditar que o sol gira em torno da terra. O Universo se confunde com sabedoria, sendo daí que emana todo poder e por isso, é sinônimo de Deus. A injustiça não faz parte da sabedoria, portanto o Universo tem suas formas de compensação sempre. Como nos ensina Napoleon Hill, o Universo nunca permite que um indivíduo seja privado de qualquer um de seus direitos e bênçãos inerentes, sem fornecer-lhe os potenciais de um benefício sob alguma forma. Assim, o fracasso é uma benção disfarçada. No entanto, o fracasso pode ser também uma maldição e isso depende apenas da reação individual de cada um. Se o fracasso for encarado como uma luz do Universo indicando-nos outra direção, e se obedecermos a esse sinal, é praticamente certo que a experiência se tornará uma benção. No entanto, se o fracasso for aceito como indicação de fraqueza, e se ficarmos remoendo o acontecido até produzirmos um complexo de inferioridade, então ele será uma maldição. A natureza da reação define nossa história, que estará sempre sob o controle de nossa mente. Não duvide, o fracasso visita a todos indistintamente durante a vida, portanto ninguém é completamente imune a ele, mas todas as pessoas também têm o privilégio e os meios de reagir da maneira que quiser. Portanto, ainda que todos abominemos o fracasso, visto com os olhos da sabedoria, é uma nova oportunidade que o Universo está nos dando para recomeçar por outros caminhos e ter mais chance de vencer. O fracasso é o melhor antídoto da arrogância e o mais eficiente domador de ego.
A experiência do fracasso e da pobreza faz parte da vida dos homens que fizeram diferença para a humanidade. As pessoas que nascem em berço de ouro, dificilmente encaram desafios com a força com que a necessidade costuma empurrar os pobres para vencer. A maioria dos homens consideraria a perda do uso das pernas uma tragédia de grandes proporções. Franklin Roosevelt, porém, relacionou-se de tal maneira com essa deficiência que levantou a cabeça e decidiu ir em frente, transformando a grande limitação em um grande benefício. Abraham Lincon foi um grande fracassado na vida, quer como almoxarife, fiscal, soldado ou advogado. No entanto, conseguiu com uma atitude mental positiva transformar todos esses fracassos na semente do desenvolvimento pessoal se preparando para tornar-se o maior presidente que os EUA já conheceram. Napoleon Hill, antes de se tornar um grande escritor e milionário, viveu mais de vinte grandes fracassos que serviram apenas para fundir na brasa o ferro bruto da sua personalidade, limpando as impurezas e torná-lo um grande homem, mudando a vida de milhões de pessoas pelo mundo através de seus escritos. Clarence Saunders era uma nulidade como empregado de uma loja, mas o fracasso que viveu lhe trouxe a idéia do sistema Piggly-Wiggly de mercearias de auto serviço, que marcou o início do sistema de supermercados de auto-serviço agora em operação no mundo todo. Essa idéia, fruto do fracasso, lhe rendeu apenas nos primeiros quatro anos, quatro milhões de dólares. Thomas Edison vivenciou seu primeiro fracasso três meses depois de entrar no ensino fundamental, quando sua professora o mandou para casa com um bilhete para os pais afirmando que ele era um burro e não reunia condições de aprendizado. Para complicar as coisas, sua surdez parcial poderia ser considerada por muita gente o seu passaporte justificado para o time dos fracassados. No entanto, essas dificuldades iniciais funcionaram como combustível para transformá-lo num dos maiores inventores da história, beneficiando milhões de pessoas ainda que, antes de alcançar o sucesso, tenha vivenciado centenas de fracassos. Helen Keller era surda e muda quando criança. Entregou o comando de corpo à sua mente. Com isso não somente venceu suas limitações mas e principalmente se transformou em uma das maiores educadoras de todos os tempos. São milhares os exemplos. Veja que todas essas pessoas tinham motivos considerados justos para entrar no time dos fracassados. No entanto se deram conta que todas as realizações são frutos da mente e que ela é a única função sob a qual tinham total controle e que poderiam subjugar todas as limitações e exigências do corpo. Assim, deram à mente o controle sobre o corpo, resolveram pagar o preço e se transformaram em grandes benfeitores da humanidade.
Então meu amigo, não tem mais desculpas. Deus te deu muitos talentos e é apenas tua a responsabilidade de desenvolver e fazê-los dar frutos. Se você está com dificuldades ótimo. Aí está e tua melhor chance. Não esqueça que toda adversidade traz em si a semente de um bem igual ou maior. Apenas tua mente poderá decidir em qual time você jogará, se no das pessoas de sucesso ou fracasso. Não esqueça que tanto as pessoas que têm sucesso na vida quanto as que fracassam ambas lutam muito. A diferença é que uns lutam muito por um tempo e alcançam o sucesso e a independência e desenvolvimento pessoal. Outros lutam a vida inteira sendo empregados, vendem a própria liberdade, levam uma vida atribulada e morrem pobres econômica e espiritualmente. Não cometa o erro do servo relatado em Mateus (25:14-29) que, recebendo um talento, por achar pouco o enterrou e não o desenvolveu. Deste lhe foi tirado até o pouco que tinha e foi dado ao que tinha mais. Pense nisso e mãos a obra.

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado
- Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012


* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado
- Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012

viernes, 3 de junio de 2011

VENCER NA VIDA

Cláudio Vital de L. Ferreira*
Os adultos sabem que vencer na vida não é fácil. Grande parte dessas dificuldades estão identificadas com o financeiro, ainda que a maioria das pessoas não consegue identificar que o grande desafio da vida é vencer a si mesmo. Em relação ao econômico, dado a dificuldade em se conseguir sucesso numa profissão, muitos buscam atalhos, alguns dentro dos limites da honestidade através de loterias ou criatividade. Outros, no entanto, identificados com o fracasso trilham o atalho através da desonestidade e atos que fogem das leis universais da justiça e da harmonia.
Nos ensina Napoleon Hill que todas as pessoas precisarão trabalhar para sobreviver, seja em trabalho lícito ou ilícito. Quer seja um trabalho que conduzirá ao sucesso ou ao fracasso. Todos terão que dar duro. Deus fez o homem livre de algumas amarras que colocou nos animais, mas determinou que cada ser humano deve trabalhar para conseguir seu sustento. Ele deu grande ajuda ao nos fornecer a terra, os minerais, a água, as fruta, as plantas, os animais e tantos outros presentes. Nos deu muito, mas não nos deu tudo.
Se tanto as pessoas que chegarão ao sucesso quanto as que estão caminhando para o fracasso precisarão trabalhar duro, melhor é direcionar as velas que nos levarão ao sucesso. O bom disso tudo é que um trabalho duro durante cinco a dez anos, focado e com objetivos definidos, trará recompensas em termos pessoais e financeiros que as pessoas jamais nem em imaginação pensaram alcançar. Os que estão nesse grupo costumam ser empreendedores, destemidos e criativos, possuem a mente aberta e aproveitam as oportunidades, jamais desistindo, até alcançar os objetivos. Por outro lado, as pessoas que tem suas velas ajustadas na direção do fracasso, dão duro também trabalhando muito uma vida inteira, mas são medrosas, mantêm a mente fechada e não conseguem ver as oportunidades pipocando a sua porta. Normalmente são pessoas que acreditam que o sucesso vem do trabalho assalariado e decidem vender suas vida e liberdade a alguém, normalmente chamado de patrão. Vivem se queixando da vida, do governo, da esposa, do marido, dos filhos e trazem no coração uma sensação de insatisfação quase sempre abafada por festas, bebedeiras e passividade diante de um aparelho de televisão. Essas pessoas ao fazerem isso, quase sempre sem se dar conta, estão decidindo ser pobres ou remediados financeiramente, extremamente limitados como pessoas e aumentam enormemente as chances de, se chegarem à velhice, depender de parentes para sobreviver. Napoleon Hill diz que a maioria das pessoas está nesse grupo e apenas de vez em quando uma pessoa consegue soltar os grilhões da hipnose social, superar as necessidades relacionadas com o nível animal humano e ingressar na fase de real construção de si mesmo. Essas pessoas farão a grande diferença e deixarão saudades, pois com a autoconstrução e desenvolvimento, estarão contribuindo para um mundo melhor, diminuindo a dor e o sofrimento.
As leis humanas são limitadas e muitas pessoas encontram falhas para burlá-las sem serem alcançadas pela justiça. Quando isso ocorre, sentem-se reforçadas na crença que, sendo espertos, a lei de Gerson funcionará sempre ou quase sempre. Ledo engano. Existem leis que foram estabelecidas por Deus que jamais podem ser burladas, pois o universo nos vigia ininterruptamente desde o momento de nossa concepção até nossa morte. Assim, absolutamente ninguém consegue escapar delas um instante sequer. Essas leis são completamente justas e funcionam sempre. Para que uma semente produza outras unidades, a terra precisa ser preparada, a semente escolhida. Depois de plantada, é necessário que se cuide para que os pássaros ou pragas não as destruam. Se todas as etapas forem cumpridas dentro das leis da natureza, a colheita virá. Qualquer agricultor sabe que toda semente produzirá sempre sementes da mesma espécie. Ninguém em sã consciência esperaria plantar arroz e colher feijão. Assim, nossos atos nos recompensam com a moeda da mesma espécie. Cada ato ou pensamento nosso, produz um impressão no Universo e Ele nos devolverá sempre em moeda da mesma espécie. Qualquer pessoa que queira ter sucesso durante os anos em que sua unidade e perfeição divina estiverem de passagem na condição humana, não tem outra alternativa senão ser honesto, ajudar as outras pessoas, respeitar a todos e a natureza. Além disso, agradecer todos os dias por ter recebido tantas coisas boas e principalmente pelo milagre da vida. Quando estiver fazendo algo, se preocupe primeiro em ajudar aos outros e não no que vai receber em troca. Jamais duvide a vigilância do Universo, atenta sempre, te pagará na mesma moeda tudo o que fizeres. Assim, todo ato de ajuda aos outros é um grande investimento que jamais falha.

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado
- Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012
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sábado, 28 de mayo de 2011

EPIDEMIA DE DIAGNÓSTICOS

Cláudio Vital Psicólogo

Zig Zigler, grande comunicador motivacional, relata em um de seus livros que em uma determinada tribo indígena que vivia isolada, não foi encontrado um único índio gago. Também no histórico de saúde dos índios, não havia relato de um caso sequer de gagueira desde seus antepassados. No idioma da tribo não existia a palavra gagueira. Completa o autor com a seguinte afirmação:” ora, se não havia a palavra gagueira no idioma, como poderia haver gagos?”. Evidente que é uma provocação do autor, mas o relato favorece a compreensão das idéias que virão abaixo.
A classificação das doenças(CID) feita pela OMS( organização mundial de saúde) já passou por dez revisões. A Classificação feita pela Associação médica Americana já passou por cinco revisões. Em todas elas aparecem novas doenças e as formas de identificá-las e tratá-las. Os cientistas americanos, com formação médica, Gilbert Welch, Lisa Schawartz e Steven Woloshin, publicaram em dois de janeiro de 2007 no jornal The New York Times artigo onde afirmam que “ o que está nos fazendo ficar doentes é uma “Epidemia de diagnósticos”. Vejamos abaixo suas idéias:
“Você pode pensar que isso é porque os médicos cometem erros. Sim, cometemos erros! Mas você não poderá ser vítima de erro médico se não estiver no Sistema. A maior ameaça colocada pela Medicina Americana é que, cada vez mais, nós estamos sendo arrastados para dentro de um sistema não por causa de uma epidemia de doenças, mas por causa de uma epidemia de diagnósticos.Os americanos estão vivendo cada vez mais, muito embora nos digam que estamos doentes.
Como pode ser isso? Uma razão é que destinamos mais recursos para cuidados médicos do que qualquer outro país. Alguns desses investimentos são produtivos, curando doenças e aliviando o sofrimento. Mas também nos conduzem a mais diagnósticos, uma tendência que se tornou uma epidemia.
Essa epidemia é uma ameaça a sua saúde! E isso tem duas fontes distintas. Uma é a “medicalização” do dia a dia. Muitos de nós experimentamos sensações físicas ou emocionais que não gostamos, mas que no passado, eram consideradas parte da vida. Contudo, cada vez mais, tais sensações têm sido consideradas sintomas de doenças. Experiências do dia a dia como insônia, tristeza, contrações nas pernas e diminuição do prazer sexual agora são diagnosticados como: doenças do sono, depressão, síndrome de pernas contraídas e disfunções sexuais.
Talvez o que mais nos preocupa seja a “medicalização” em crianças. Se elas tossem depois de exercitarem-se, têm asma; se têm problema de leitura, são disléxicas; se estão infelizes, estão com depressão; se alternam entre a tristeza e a alegria, são bipolares. Conquanto esses diagnósticos possam beneficiar umas poucas com sintomas severos, poderíamos ser levados a pensar sobre o efeito nas muitas outras crianças cujos sintomas ainda se apresentam brandos, intermitentes ou passageiros.A outra fonte é o impulso de descobrir doenças antes de se manifestarem. Diagnósticos antes reservados para graves enfermidades, agora diagnosticam doenças em pessoas que não apresentam qualquer sintoma, aquelas chamadas predispostas ou “grupos de risco”.
Dois desdobramentos aceleram esse processo. Primeiro, as tecnologias avançadas permitem aos médicos procurar minuciosamente coisas que possam estar erradas. Podemos rastrear moléculas no sangue. Podemos direcionar aparelhos de fibra-ótica em cada orifício do corpo humano. Exames médicos de última geração tais como: ressonâncias magnéticas, ultrasons, etc permitem aos médicos definirem defeitos estruturais sutis bem profundos no corpo humano. Essas tecnologias tornam possível sugerir diagnósticos para praticamente todas as pessoas: artrite em pessoas sem dores nas juntas, problemas estomacais em pessoas que não apresentam azia, e câncer de próstata em mais de um milhão de pessoas que, se não fosse pelo teste, viveriam tanto quanto pessoas que não são pacientes com câncer.
Segundo, as regras estão mudando. Painéis de especialistas da área médica expandem constantemente o conceito do que constitue uma “doença”. Critérios que diagnosticavam diabetes, hipertensão, osteoporose e obesidade caíram todos nos últimos anos. O critério para colesterol normal tem caído inúmeras vezes. Com essas mudanças, doenças podem ser diagnosticadas em mais da metade da população!
Muitos de nós assumimos que todos esses diagnósticos adicionais podem até serem benéficos. E alguns o são. Mas num extremo, a lógica da detecção prematura é absurda. Se mais da metade da população está doente, o que significa ser normal? Muitos de nós abriga essa predisposição muito embora nunca ficaríamos doentes, mas estaríamos no “grupo de risco”. Não menos problemática é a “medicalização” da vida diária. O que estamos exatamente fazendo às nossas crianças quando 40% delas têm uma ou mais prescrições crônicas de remédios nas colônias de férias?.
Ninguém deveria aceitar esse processo de tornarem pessoas sadias em pacientes de maneira lenta. Haveria uma séria desvantagem. Rotular as pessoas como doentes pode fazê-las sentir ansiosas e vulneráveis – particularmente as crianças.Mas o problema real com essa “epidemia de diagnósticos” é que ela nos remete a uma “epidemia de tratamentos”. Nem todos os tratamentos proporcionam benefícios significativos, mas quase todos podem causar danos. Algumas vezes os danos são conhecidos, mas freqüentemente danos causados por novas terapias levam anos para surgirem – após muitos já terem sidos expostos. Para os doentes graves, esses danos são ofuscados em relação ao potencial do benefício. Mas para aqueles que experimentam sintomas leves ou moderados, os danos se tornam mais relevantes. E para os muitos rotulados como predispostos ou do “grupo de risco”, mas destinados a permanecerem saudáveis, o tratamento só pode causar dano.
A epidemia de diagnósticos possui várias causas. Mais diagnósticos significam mais dinheiro para os fabricantes farmacêuticos, hospitais, médicos e grupos de defesa da doença. Pesquisadores e até mesmo o Instituto Nacional da Saúde, uma organização baseada na doença, asseguram sua permanência e financiam, promovendo a detecção de “suas” doenças. Questões médico-legais também impulsionam essa epidemia. Embora o fracasso em se chegar a um diagnóstico correto possa resultar em ações judiciais, não há penalidades correspondentes para diagnósticos exagerados. Portanto, o caminho de menor resistência para os clínicos é diagnosticar livremente, mesmo não sabendo se ao fazê-lo, estariam realmente ajudando seus pacientes.Cada vez mais, nós estamos sendo alertados de que estamos doentes, e pouco, de que estamos bem. As pessoas precisam pensar muito sobre os benefícios e riscos do aumento de diagnósticos: a questão fundamental que enfrentam é se se tornam ou não pacientes. E os médicos precisam lembrar o valor de assegurarem às pessoas de que não estão doentes. Talvez devêssemos começar a monitorar uma nova referência de saúde: a proporção da população que não requer cuidados médicos. E os Institutos Nacionais de Saúde poderiam propor uma nova meta para os pesquisadores da área médica: reduzir a necessidade de serviços médicos ao invés de aumentá-la”.
FONTE:
http://www.nytimes.com/2007/01/02/health/02essa.html?_r=2&scp=1&sq=What%C2%B4s%20making%20us%20is%20an%20epidemic%20of%20diagnoses&st=cse%29.

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado

- Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012


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miércoles, 25 de mayo de 2011

PODE-SE ENCONTRAR SIGNIFICADO NA TRAGÉDIA?

Cláudio Vital Psicólogo


Há pouco tempo fomos surpreendidos por duas grandes tragédias que mobilizaram nossos sentimentos e trouxeram interrogações sobre seus motivos: o terremoto seguido de tsunami no Japão e o assassinato em massa de crianças por um jovem doente, no Rio de Janeiro. Sempre, diante de situações assim tentamos buscar explicações e principalmente culpados. Isso não é novo. Diante de um cego de nascença, os discípulos perguntaram a Jesus quem havia pecado, ele ou seus pais, para que nascesse cego e Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais, mas é necessário que nele se manifeste as obras de Deus”(João, 9:2-3).

Uma tragédia será sempre uma tragédia e trará intensa dor. Tomando por base a lei universal revelada por Napoleon Hill de que toda a adversidade traz em si a semente de um bem igual ou maior, entendemos a segunda parte da afirmação de Jesus porque a dor traz a semente da verdade, da transformação e da vida. A atitude fará a diferença se a tragédia será apenas mais uma tragédia ou então o motor para a mudança. O terremoto e o tsunami no Japão ceifaram milhares de vidas provocando muita dor, mas trouxe a tona sérios problemas causados pelo homem, sempre em nome do desenvolvimento.Isso ficou evidente principalmente com a usina nuclear e com as milhares de toneladas de lixo vomitado pelo mar no tsunami. A tragédia de Realengo, como passou a ser chamado o assassinato em massa em uma Escola no Rio de Janeiro, trouxe a tona problemas relacionados com o processo de educar, nossos valores e todas as contradições da sociedade moderna. A semente do bem é o espólio da tragédia.

Um jovem sofreu uma tragédia pessoal perdendo a mãe por uso de remédios para emagrecer. Ela tinha 36 anos, ele 18. Esse jovem tinha tudo para ser um revoltado, trilhando o caminho do fracasso. Se sentiria totalmente justificado se pensasse em pegar uma arma e muita munição e começasse a atirar contra funcionários do laboratório farmacêutico que fabricou os medicamentos. Por saber que as tragédias trazem um presente escondido, decidiu estudar na China formas naturais para se ter saúde e controlar o peso. Esse menino se chamava Mark Hugues e fundou a hoje maior empresa de produtos para saúde e controle de peso do planeta que se chama Herbalife.

Em 1991, Elaine Natale publicou um artigo com o mesmo título dessa coluna na revista "ARAUTO". Vejamos suas principais idéias: “Quando algo nos abala profundamente, seja perda pessoal, seja perda que afeta um grupo ou uma nação, por mais que as pessoas se compadeçam de nós, não é suficiente. As palavras por si sós, por mais ternas que sejam, não dissipam a falta de sentido de um acidente, da doença ou da dor infligida pelo ódio. Almejamos a promessa de que a vida é algo bem diferente. O mal simplesmente não faz sentido. Não existe propósito algum na morte, no sofrimento e na injustiça. Mas existe significado e consolo que podem ser encontrados no amor de Deus e na verdade espiritual sobre a identidade permanente do homem no Espírito. E essa verdade espiritual está à nossa disposição, mesmo nas situações mais dramáticas.

A noção de que o homem é uma porção de matéria voltada à destruição final não é a verdade sobre o nosso ser. Deus, o Espírito, não criou o homem da matéria, sujeito ao azar e vítima das circunstâncias. Em nosso verdadeiro ser, somos criados à semelhança de Deus, à semelhança do Espírito, para expressar eternamente Sua inteligência, bondade e amor. Quando nos vemos diante de severas contradições a esse fato espiritual, a oração ajuda a sentir-nos próximos de Deus e a vislumbrar, sem nos deixarmos enganar pela dor, uma visão mais clara do ser do homem. O reconhecimento de que a verdadeira Vida do homem é Deus (que não pode, nem por instante, ser extinto) nos auxilia. A oração proporciona inspiração e visão para seguir adiante, rumo ao futuro. Podemos sentir ordem e continuidade justamente onde o caos e a destruição parecem estar.

Nos primórdios de sua vida, a Sra. Eddy passou por momentos de agudo desespero. Quando era jovenzinha, sentia-se muito ligada a um de seus irmãos, mas ele faleceu. Ainda recém casada, o marido faleceu, e ela ficou sozinha, grávida. Prostrada e com a saúde abalada, voltou para a casa de seus pais para dar à luz o filho. Cinco anos mais tarde, sua mãe faleceu também. A saúde da Sra. Eddy deteriorou-se a tal ponto que não conseguia tomar conta do filho. Passados alguns anos, ele foi levado para uma parte longínqua do país, onde ela não poderia encontrá-lo. A doença, a solidão e a pobreza foram escurecendo a sua vida. A Sra, Eddy ansiava por respostas esclarecedoras para tantos acontecimentos desprovidos de sentido. Ela estava certa da justiça e do amor de Deus e simplesmente não podia aceitar que Deus desejasse seu sofrimento. Ela não podia acreditar que Deus fosse incapaz de a ajudar. Tinha a certeza de que, em Seu infinito amor Ele lhe mostraria o significado da existência, o propósito não condicionado à sorte ou à impiedade das leis materiais. Numa altura em que sua vida parecia extinguir-se, ela vislumbrou a verdade pela qual ansiava. Ela compreendeu a verdade de que o Espírito é TUDO, a única substância, a única causa. Esse luminoso vislumbre da luz espiritual a curou. Mais tarde, ela escreveu em Ciência e Saúde: “As duras experiências provenientes da crença na suposta vida da matéria, bem como nossos desenganos e sofrimentos incessantes, levam-nos como crianças cansadas, aos braços do Amor divino. Então, começamos a compreender a Vida na Ciência divina.”

Ciência Cristã é o nome que ela deu a essa maravilhosa descoberta, a descoberta do poder infinito do Amor divino para restaurar, elevar e curar. A Ciência Cristã, que desde essa ocasião já beneficiou milhares e milhares de pessoas, veio a ela gradualmente à medida que ela se devotava a uma compreensão mais profunda da Bíblia, em particular das passagens da vida de Cristo Jesus. Ela procurou o significado da crucificação e ressurreição de Jesus e descobriu que o verdadeiro significado da vitória de Jesus sobre a cruz é tão maravilhoso, que compreendê-lo eleva as vidas de muitas pessoas e as modifica maravilhosamente, a ponto de, até mesmo curá-las. A Sra. Eddy entendeu a ressurreição de Jesus como sendo uma prova de que a morte não tem verdadeiro poder, uma prova de que o homem, a idéia espiritual de Deus, é indestrutível. É esse o significado que todos nós buscamos: o verdadeiro significado do homem. E à medida que esse significado desponta em nós, ele cura. Foi porque Jesus percebeu com clareza que Deus é a própria Vida e que a Vida é Espírito (não está na matéria), que ele foi capaz de curar. Ele foi capaz de provar que sua Vida não podia ser extinta nem oculta. Na noite em que foi traído, mesmo antes da crucificação, ele disse aos discípulos: “Outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar”(João,16:22).

A promessa da alegria permanente feita por nosso Mestre está intimamente relacionada com nossa própria existência e propósito. Sua ressurreição vitoriosa projeta um facho de luz no significado do homem como idéia de Deus, infinita e indestrutível. Essa luz continua a nos iluminar quando tudo nos parece muito negro, mesmo quando tudo indica que é tarde demais. Nunca é tarde demais para o amor de Deus nos alcançar e satisfazer à nossa necessidade. À medida que cresce nossa compreensão de Deus e da relação do homem com Deus, percebemos com gratidão que a morte não é “verdadeira” em nenhum sentido definitivo. Com nosso pensamento voltado para Deus, podemos sentir a reconfortante segurança de que é a Vida, não a morte, que é inevitável. A Verdade desperta bem profundamente em nós aquilo que não pode ser destruído. Então o jugo da tristeza é desfeito por uma alegre e inabalável convicção na imortalidade do homem”.

domingo, 15 de mayo de 2011

ANDAR UM QUILÔMETRO EXTRA

14 de maio de 2011


Cláudio Vital Psicólogo


O desenvolvimento tem cobrado um alto custo para todas as pessoas. Elas estão precisando trabalhar cada vez mais para pagar as contas, estão cada vez mais estressadas e cansadas, enfrentam diariamente enormes engarrafamentos, precisam driblar inúmeros radares vigilantes 24 horas por dia para fugir das multas, respiram um ar cada vez mais poluído, comem alimentos industrializados com muitos ingredientes que não deveriam ter e pouquíssimos nutrientes que deveriam ter. Rapidamente ficam obesos, desnutridos e doentes. O medo é cada vez mais intenso, quer relacionado com a segurança pessoal e da família, quer com a possibilidade concreta de perder o emprego e não conseguir pagar as contas no final do mês. O cansaço é tanto que as segundas feiras são sentidas como traumáticas para a maioria, por ser o primeiro dia de trabalho da semana e o próximo final de semana passa a ser o objeto predileto de desejo e tome Faustão e Fantástico nos domingos a tarde para enganar a mente e manter a anestesia e a hipnose.

O mundo moderno separou pais de filhos, maridos de esposas e diminuiu o tempo de convivência e expressão de amor entre eles. As pessoas vivem correndo. Alegam que não têm tempo. A produção tem que aumentar e a pressa passa a fazer parte constante do dia a dia. Cada vez mais o que importa é a quantidade e não a qualidade, pois o capital tem remunerado melhor a primeira do que a segunda. Com isso, os trabalhadores têm diante de si ou o desemprego ou a necessidade de produzir depressa, comprometendo a qualidade na perfeição artística, na beleza literária e pedagógica, na Medicina e no Direito, na arte e na filosofia e nos serviços e objetos produzidos. Há mais de um século o escritor Orisson Sweet Marden já alertava para esse problema da necessidade de produção em quantidade em detrimento da qualidade, ao afirmar que isso é evidente por toda parte do globo terrestre nos trágicos resultados do trabalho mutilado e incompleto. As conseqüências são as pernas de pau, as mangas vazias, inúmeros sepulcros, lares sem pai nem mãe. Essa realidade atesta a negligência, os erros e a incapacidade dos que trabalham apenas pelo dinheiro em detrimento dos princípios da alma. Afirma ainda que os piores crimes escapam da alçada da lei. A negligência, o descuido, o faz de conta, a falta de exatidão e compromisso, são crimes contra os indivíduos e contra a humanidade e que causam muito mais desgraça do que os crimes que são alcançados pela lei.

Um trabalho feito com responsabilidade e acuidade traz benefícios para todos. O hábito de trabalhar sem cuidado nem consciência, tem rápida influência na mentalidade do trabalhador. O trabalho mal feito dirige o trabalhador em direção ao fracasso. Cada obra mal feita que termina é um inimigo que o impele para o fundo, impedindo o desenvolvimento pessoal e a aquisição das riquezas, condenando a ser apenas mais um feito cachorro tentando morder o próprio rabo, sem sair do lugar.
Nos ensina Napoleon Hill que um dos princípios importantes do sucesso, em todos os setores da vida e em todas as ocupações, é a disponibilidade de caminhar um quilômetro extra, o que significa a prestação de mais e melhores serviços do que aqueles para os quais somos pagos, realizando tais serviços com uma atitude mental positiva. Nos alerta o autor que o princípio não é uma criação humana. Ele faz parte do artesanato da natureza, pois é obvio que toda criatura viva, situada abaixo da Inteligência do homem, é forçada a aplicar esse princípio para que possa sobreviver. O homem pode até ignorar esse princípio, mas jamais poderás saborear os frutos de um sucesso seguro e duradouro se assim proceder. Quando o fazendeiro limpa a terra, faz a aragem, planta as sementes no tempo certo, ele está caminhando um quilômetro extra, pois não está recebendo nenhum pagamento adiantado por qualquer desses serviços. Sequer tem a garantia de que conseguirá uma ótima colheita. No entanto, se ele faz seu trabalho em harmonia com as leis da natureza, essa mesma natureza continuará o seu trabalho, fazendo germinar as sementes, fazendo que o resultado seja uma colheita produtiva. Para cada grão plantado, a natureza retribui com dezenas ou centenas de novos grãos.

A natureza fornece as fontes de suprimento de bens e alimentos para todos, mas cada criatura tem que trabalhar antes que possa participar dessa distribuição. A natureza dá o exemplo e desencoraja o hábito que muitos homens adquiriram de tentar obter algo sem dar nada em troca, quer através de loterias, ou pior ainda, atos desonestos e imorais.Se você faz apenas o serviço para o qual está sendo pago, já recebe todo o pagamento ao qual faz jus. Se, no entanto, usar do privilégio de prestar um serviço extra, estará acumulando crédito e estará oferecendo ao Universo uma razão justa para receber uma recompensa, quer através de um aumento, ou promoção, ou riquezas materiais e espirituais.

domingo, 8 de mayo de 2011

MULHERES E MAES

Cláudio Vital Psicólogo


Nós homens estamos em grande débito com as mulheres. Sem elas jamais teríamos nascido e ninguém teria a capacidade de amor que elas têm e nos dispensaram durante toda nossa vida. Os homens também são importantes em todas as etapas do processo educacional de uma criança, mas uma parte deles prefere participar apenas do ato gerador de um novo filho, deixando por conta da mulher toda a responsabilidade e muitas vezes custos do cuidado. Nessa hora fica mais evidente ainda o heroísmo dessas mulheres, tantas vezes se expondo à morte e à humilhação para garantir o melhor para seus filhos, ainda que às vezes, no seu melhor, consiga apenas manter a sobrevivência própria e a do filho.

Tantos homens se sentem donos de suas mulheres e expressam seus problemas de forma agressiva sobre elas. A lei Maria da Penha mostrou a ponta do iceberg da violência doméstica. Tantos filhos se revoltam contra elas quando expressam seu amor na sua educação de forma diferente daquela que gostariam. Tantas culturas mantêm de forma vergonhosa privilégios aos homens que negam às mulheres. Apesar de tantas injustiças, tantas humilhações, lutas, desenganos e desrespeitos, elas estão aí por todos os lados, cumprindo seu papel. São duras as imagens de mães abandonadas por seus companheiros, mas abraçadas em seus filhinhos, pelos quais morrem um pouco a cada dia para que eles permaneçam vivos.

Todas as mulheres de todas as idades são incríveis. Quando criancinhas, parecem verdadeiros anjinhos e nos basta um olhar mais atento para vermos em cada uma delas uma profunda presença de Deus. Quando adolescentes, são graciosas em todo o processo de transformação do corpo e da mente, sempre em busca de seus ídolos. Quando adultas jovens são tão lindas que basta sua presença para ficar evidente a grandeza de Deus, expressa na fisionomia e expressão de cada uma delas. Quando maduras vão adquirindo a experiência e a maturidade, dando sua contribuição para um mundo melhor com seu amor, trabalho, carinho, afeto, proteção e dedicação. Quando idosas, seus cabelos brancos denunciam a presença da sabedoria, uma mistura de conhecimentos e experiências, adquiridos mais pela vida do que pelos bancos escolares e se transformam em vovós grandes conselheiras.

Todos nós temos ou tivemos mulheres que nos foram muito importantes. Busque lembrar o nome de cada uma delas e se espantará com a quantidade de mulheres que te ajudaram e te ajudam a ser o que você é hoje. Busque cada uma delas, lhes dê um abraço e agradeça muito. Pelas que já se foram, ore por elas. Eu também tive e tenho muitas mulheres que me foram e são importantes. Todas continuam muito vivas, ainda que algumas delas já tenham passado para outra dimensão como minha mãe Elza. Essa mulher me deu o modelo que me orienta nos sentimentos e trato que tenho com todas as mulheres, que de alguma forma estiveram mais próximos de mim nesses sessenta anos de vida. Ela foi a figura impar que moldou meu caráter e princípios que me norteiam. Foi o principal pilar de minha formação e desenvolvimento. Ainda que sua perda na dimensão humana tenha causado muita dor, nunca me vi privado de seu carisma, proteção e amor, pois ela faz parte de mim e se encontra muito viva, me acompanhando sempre em qualquer lugar e em todos os momentos, mesmo os mais difíceis. Quanto percebi que a adversidade faz parte da vida e que mais cedo ou mais tarde, assim como a morte, visitará a cada um de nós, entendi que não precisava ter medo, pois jamais estaria sozinho. Quando você consegue ter consciência absoluta que Deus e as pessoas que foram importantes na sua vida jamais se afastam de ti. Quando você se der conta que, em todos os momentos de solidão e desamparo foi você quem se afastou deles e não eles de você, perceberá que a fé terá substituído o medo e que todos os desafios serão pequenos diante da força que Ele e eles te dão,pois “Eles te cobrirão com suas plumas e sob Suas asas tu encontrarás refúgio”(salmo 90).

Estou seguro que fui um privilegiado, pois tantas mulheres fizeram a diferença na minha vida. As principais foram, além da minha mãe, as minhas seis irmãs, as mães dos meus filhos e as minhas cinco filhas. Cada uma delas me ajudou a perceber que a grande arma para vencer todas as batalhas ainda é o amor. Que o trabalho sério e o respeito aos outros e a natureza torna esse mundo um pouco melhor e que cada um de nós tem uma missão a cumprir. Parabéns a todas vocês mulheres e mães! Vocês tornam cada dia esse mundo um pouco melhor e justificam nossa existência masculina.

sábado, 30 de abril de 2011

SEUS DOIS EGOS!

Cláudio Vital Psicólogo

Nenhum homem dá ouvidos para o que não está preparado para ouvir.Quantas vezes você ouviu algo que não teve o menor efeito em você. No entanto, em um determinado momento, algumas transformações aconteceram dentro de ti e, quando ouviu de novo o que já estava cansado de ouvir, aquilo te soou como algo novo e, melhor do que isso, adquiriu um significado importante para tua vida.
Essa unidade que constitui tua pessoa é apenas aparente, pois dentro de ti habitam aspectos distintos desse individuo, possuindo interesses tão diversos que você parece duas ou mais pessoas. Era disso que estava falando S. Paulo em Romanos, na Bíblia Sagrada quando diz: “ Não faço o bem que quero mas o mal que não quero”(Rom.,7:19). A isso chamamos de “personalidade plural”, ainda que você identifique sua personalidade como singular. Existem pelo menos dois egos em você como em qualquer pessoa. Interessante que estudei como psicólogo durante muito tempo o conceito de ego a partir da psicanálise, conceito identificado com o princípio da realidade. Mas hoje quero utilizar as idéias de Napoleon Hill sobre o tema.
Esses dois egos parecem estar em campos opostos, lutando por interesses diferentes como se você fosse e não fosse uma unidade. Um deles é uma espécie de pessoa negativa, que pensa, se move e vive em uma atmosfera de dúvida, medo, pobreza e má saúde. Esse ego negativo já espera o fracasso, de alguma forma já é sua expressão e raramente se decepciona. Ele habita nas circunstâncias penosas da vida, as mesmas que você quer rejeitar, mas é forçado a aceitar como a pobreza, a mesquinharia, a superstição, o medo, a dúvida, os aborrecimentos e as doenças. No entanto, há outro ego dentro de você. Esse outro ego é uma espécie de pessoa positiva, que pensa em termos dinâmicos e afirmativos de riqueza material, saúde vigorosa, amor e amizade, realização pessoal, visão criativa e prestatividade. Tudo isso o conduz acertadamente para a conquista dos bens espirituais. Somente esse ego é capaz de direcionar tua vida para o sucesso, ajudando pessoas a serem bem sucedidas também. Ele que faz entender que os benefícios que o Universo te proporciona são retribuições de teus atos. Te leva a ajudar os outros, pois, é a partir dele que vai compreender que as riquezas, em qualquer nível, apenas te serão fornecidas em abundância como conseqüência da intensidade e quantidade de pessoas que você conseguir ajudar.
Nossa mente funciona como uma estação de rádio que está no automático vinte e quatro horas por dia, ora comandada pela personalidade positiva, ora pela negativa. Quando tua personalidade negativa exerce o controle, seus receptores sensitivos registram somente as mensagens negativas vindas de incontáveis personalidades negativas a sua volta. Nesse contexto habitarão na tua mente idéias tais como: “ que vai adiantar isso?” ou “ eu não tenho a menor chance”. Podem as palavras não serem exatamente essas que virão em teus pensamentos, mas seguramente serão desencorajadoras e mortíferas, abalando a fé que você tem em si mesmo, bloqueando tuas energias e criatividade para alcançar o que deseja. Todas essas mensagens tomam conta da tua mente quando tua personalidade negativa assume o comando, como se você tivesse vestido os óculos da derrota e do mal. Se não tomar cuidado, essa percepção te levará inevitavelmente a certas situações da vida que são exatamente o oposto daquilo que você deseja para si.
Quando tua personalidade positiva exerce o controle de tua estação receptora, é como se você tivesse vestido os óculos de Deus e, ainda que tenha dificuldades, passará a ver um mundo colorido, cheio de possibilidades e um campo fértil para a realização de teus sonhos. Quando tua personalidade positiva assume o controle, ela o dirige para seu centro de ação, onde surgem somente aqueles pensamentos estimulantes, altamente energéticos, motivadores e otimistas. Nesse contexto surgirão espontaneamente idéias tais como: “ Eu posso fazer isso”! e “ eu sou capaz!”, que você irá transpor para seus equivalentes físicos de prosperidade, saúde, amor, esperança, fé, paz de espírito e felicidade. Em verdade alcançará os valores da vida que tanto você quando qualquer outra pessoa vive procurando.
Teu sucesso ou fracasso é resultante desse luta entre os egos positivo e negativo. Está sob teu controle definir qual deles vai assumir o comando da tua estação de rádio. Tua sanidade mental também vai depender disso, pois a atitude mental vai converter teu cérebro em um eletroímã, atraindo a contrapartida dos teus pensamentos, objetivos e propósitos dominantes, quer sejam bons ou maus. Uma atitude mental positiva irá atrair todas as riquezas, sejam elas de ordem material ou espiritual, enquanto que a contrapartida do teu ego negativo é o medo, aborrecimentos, preocupações e dúvidas. Qual dos dois egos te domina? Teu futuro está relacionado com a reposta honesta que der.

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado

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