Cláudio Vital de L. Ferreira*
A maioria das pessoas no mundo vive em condições tão precárias que se enquadra dentro da classificação de pobre ou miserável. Uma minoria controla quase toda a riqueza do mundo. Quase sempre buscamos comparar e nos inserir em alguma classe relacionada com as condições econômicas. Por mais criativo que seja o malabarismo do raciocínio mental, sempre ficamos insatisfeitos com a conclusão e imaginamos merecer mais. No entanto, nos desculpamos por estarmos abaixo de onde gostaríamos de estar na escala econômica e culpamos os outros. Nos consideramos grandes batalhadores, acreditamos piamente que aos outros foram dadas melhores condições para crescer na vida e pior de tudo, nos convencemos que os ricos apenas adquiriram essa condição porque usaram de algum recurso ilícito. Quando assim procedemos e nos conformamos com esse raciocínio, não sentimos culpa, pois toda a responsabilidade sobre nossa pobreza e fracasso está depositada nos ombros alheios e não no nosso.
Se você é uma dessas pessoas, saiba que está se enganando. Apenas você é responsável por teu sucesso ou fracasso. Ainda que aparentemente o Universo tenha dado mais talentos a alguns do que a outros, isso é tão ilusório quanto acreditar que o sol gira em torno da terra. O Universo se confunde com sabedoria, sendo daí que emana todo poder e por isso, é sinônimo de Deus. A injustiça não faz parte da sabedoria, portanto o Universo tem suas formas de compensação sempre. Como nos ensina Napoleon Hill, o Universo nunca permite que um indivíduo seja privado de qualquer um de seus direitos e bênçãos inerentes, sem fornecer-lhe os potenciais de um benefício sob alguma forma. Assim, o fracasso é uma benção disfarçada. No entanto, o fracasso pode ser também uma maldição e isso depende apenas da reação individual de cada um. Se o fracasso for encarado como uma luz do Universo indicando-nos outra direção, e se obedecermos a esse sinal, é praticamente certo que a experiência se tornará uma benção. No entanto, se o fracasso for aceito como indicação de fraqueza, e se ficarmos remoendo o acontecido até produzirmos um complexo de inferioridade, então ele será uma maldição. A natureza da reação define nossa história, que estará sempre sob o controle de nossa mente. Não duvide, o fracasso visita a todos indistintamente durante a vida, portanto ninguém é completamente imune a ele, mas todas as pessoas também têm o privilégio e os meios de reagir da maneira que quiser. Portanto, ainda que todos abominemos o fracasso, visto com os olhos da sabedoria, é uma nova oportunidade que o Universo está nos dando para recomeçar por outros caminhos e ter mais chance de vencer. O fracasso é o melhor antídoto da arrogância e o mais eficiente domador de ego.
A experiência do fracasso e da pobreza faz parte da vida dos homens que fizeram diferença para a humanidade. As pessoas que nascem em berço de ouro, dificilmente encaram desafios com a força com que a necessidade costuma empurrar os pobres para vencer. A maioria dos homens consideraria a perda do uso das pernas uma tragédia de grandes proporções. Franklin Roosevelt, porém, relacionou-se de tal maneira com essa deficiência que levantou a cabeça e decidiu ir em frente, transformando a grande limitação em um grande benefício. Abraham Lincon foi um grande fracassado na vida, quer como almoxarife, fiscal, soldado ou advogado. No entanto, conseguiu com uma atitude mental positiva transformar todos esses fracassos na semente do desenvolvimento pessoal se preparando para tornar-se o maior presidente que os EUA já conheceram. Napoleon Hill, antes de se tornar um grande escritor e milionário, viveu mais de vinte grandes fracassos que serviram apenas para fundir na brasa o ferro bruto da sua personalidade, limpando as impurezas e torná-lo um grande homem, mudando a vida de milhões de pessoas pelo mundo através de seus escritos. Clarence Saunders era uma nulidade como empregado de uma loja, mas o fracasso que viveu lhe trouxe a idéia do sistema Piggly-Wiggly de mercearias de auto serviço, que marcou o início do sistema de supermercados de auto-serviço agora em operação no mundo todo. Essa idéia, fruto do fracasso, lhe rendeu apenas nos primeiros quatro anos, quatro milhões de dólares. Thomas Edison vivenciou seu primeiro fracasso três meses depois de entrar no ensino fundamental, quando sua professora o mandou para casa com um bilhete para os pais afirmando que ele era um burro e não reunia condições de aprendizado. Para complicar as coisas, sua surdez parcial poderia ser considerada por muita gente o seu passaporte justificado para o time dos fracassados. No entanto, essas dificuldades iniciais funcionaram como combustível para transformá-lo num dos maiores inventores da história, beneficiando milhões de pessoas ainda que, antes de alcançar o sucesso, tenha vivenciado centenas de fracassos. Helen Keller era surda e muda quando criança. Entregou o comando de corpo à sua mente. Com isso não somente venceu suas limitações mas e principalmente se transformou em uma das maiores educadoras de todos os tempos. São milhares os exemplos. Veja que todas essas pessoas tinham motivos considerados justos para entrar no time dos fracassados. No entanto se deram conta que todas as realizações são frutos da mente e que ela é a única função sob a qual tinham total controle e que poderiam subjugar todas as limitações e exigências do corpo. Assim, deram à mente o controle sobre o corpo, resolveram pagar o preço e se transformaram em grandes benfeitores da humanidade.
Então meu amigo, não tem mais desculpas. Deus te deu muitos talentos e é apenas tua a responsabilidade de desenvolver e fazê-los dar frutos. Se você está com dificuldades ótimo. Aí está e tua melhor chance. Não esqueça que toda adversidade traz em si a semente de um bem igual ou maior. Apenas tua mente poderá decidir em qual time você jogará, se no das pessoas de sucesso ou fracasso. Não esqueça que tanto as pessoas que têm sucesso na vida quanto as que fracassam ambas lutam muito. A diferença é que uns lutam muito por um tempo e alcançam o sucesso e a independência e desenvolvimento pessoal. Outros lutam a vida inteira sendo empregados, vendem a própria liberdade, levam uma vida atribulada e morrem pobres econômica e espiritualmente. Não cometa o erro do servo relatado em Mateus (25:14-29) que, recebendo um talento, por achar pouco o enterrou e não o desenvolveu. Deste lhe foi tirado até o pouco que tinha e foi dado ao que tinha mais. Pense nisso e mãos a obra.
* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado
- Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012
* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado
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