16 de abril de 2011
Cláudio Vital Psicólogo
Hoje completo sessenta anos de vida. Foi às vinte horas e trinta e cinco minutos do dia 16 de abril de 1951, num vilarejo no interior de Santa Catarina chamado Serra da Pedra, município de Jacinto Machado. Último de doze filhos, nasci no quarto de meus pais de parto normal, muito bem conduzido por minha mãe, assistida apenas por meu pai.
Sessenta anos de vida me ensinaram muitas coisas. Ainda que tenha escolhido a profissão de psicólogo e professor, aprendi muito mais do que ensinei. Hoje costumamos identificar aprendizado com Escola ou Universidade e olhamos com desdém para quem não sentou nesses bancos ou aí permaneceu poucos anos. Pois as pessoas que mais me influenciaram e mais me ensinaram, tinham poucos estudos formais. Começo por meus pais, que lançaram os alicerces da minha personalidade, principalmente minha mãe que conseguiu manter a sabedoria tão comum nas crianças, por mais de oito décadas.
Meu pai, engenheiro agrimensor, conseguiu plantar em mim a semente do desejo de estudar “para poder crescer na vida”. Fui obediente, estudei muito e entendi a importância dos estudos num mundo dominado pelo capitalismo, mas a vida foi me mostrando que as informações, sem a sabedoria, de nada servem. Entendi também que, essa pérola, tão clara em Provérbios, na Bíblia Sagrada, convive melhor com as pessoas que se abriram e adquiriram o aprendizado da vida, do que com os que gastaram muitos anos de suas vidas sentados nos bancos de educação formal.
Quando se tem sessenta anos, já houve tempo para a construção de uma história e já podemos olhar para ela e fazer um balanço das coisas que fizemos e das que deixamos de fazer e certamente nos dói ver as coisas que fizemos e não deveríamos ter feito ou então das coisas que deveríamos ter feito e, por algum motivo qualquer, deixamos de fazer. Em alguns momentos precisei criar comportas, fechando as portas de uma parte do passado que poderia atrapalhar meu crescimento presente e futuro. Hoje entendo que devia ter amado mais e brigado menos. Que na mente está a chave que abre tanto as portas do sucesso quanto a do fracasso. Que é nela onde são geradas todas as idéias que irão traçar nossa história através do comportamento e ação. Que os problemas que tantas vezes atribui quer a minha esposa, quer aos meus filhos ou amigos e mesmo ao governo em verdade estavam dentro de mim e que eu não tinha o poder de consertar o mundo, mas podia e precisava mudar a mim mesmo.
Nesses sessenta anos, ao olhar para trás vejo o quanto cresci pouco. Quantas vezes dei mais atenção e me preocupei mais com as coisas do que com as pessoas. Quantas vezes permiti que a preocupação em ganhar dinheiro me deixasse longe física e afetivamente dos meus filhos. Quantas vezes não entendi que eles precisavam não de uma bronca, mas apenas de um sorriso e de um abraço. Quantas vezes não disse “ eu te amo” para as pessoas que de fato eu as amava. Quantas vezes me apercebi hipnotizado pelos programas de televisão e, nessa época, cheguei a acreditar que “ as coisas são assim mesmo” e que tinha que me conformar com a ordem vigente, ainda que a considerasse tantas vezes injusta. Entendi que os seres humanos são muito parecidos. Todos querem ser felizes, viver em harmonia e ter uma condição financeira que lhes permita uma vida digna. No entanto, vi que poucos estão dispostos a pagar o preço do sucesso. Napoleon Hill diz que apenas de vez enquanto alguém se destaca na multidão, se afasta dela e começa a ser agente da própria história e seus atos mudarão a história de muita gente. Ainda que todos precisam da colheita, ela não virá para os que precisam, nem para os que desejam. Ela não virá para os que não semearam. Ela não virá para os que não acreditaram em si mesmos e nas oportunidades que a vida lhes apresentou. Ela virá para quem merece. A colheita será abundante apenas para aquelas que trabalharam duro e focados e não desistiram de seus sonhos.
Sessenta anos me ensinou que o medo é o pior inimigo de um homem e a fé seu principal aliado. Como diz Hill, “ Quando você chegar ao ponto crucial das circunstâncias que elevam alguns homens a posições eminentes na vida e condenam outros à penúria e à necessidade, a probabilidade é de que suas posições grandemente distanciadas uma da outra, reflitam suas respectivas atitudes mentais. O homem elevado escolhe a estrada elevada da Fé. O homem medíocre escolhe a estrada do Medo. Nessa hora, educação, experiência e habilidades pessoais são coisas de importância secundária”.
Quando o professor de Thomas A. Edison o mandou de volta para a casa antes do terceiro mês na escola com um bilhete para os pais, dizendo que era um burro pois não aprendia nada, ele tinha a melhor desculpa para se tornar um marginalizado, um “João-ninguém” e se conformar com a realidade. Mas esse homem decidiu não ser apenas mais um. Jamais perdeu a Fé em si mesmo, colocando sua mente em sintonia com o Poder Infinito e sabedoria da grande Mente, o Universo e fez de Deus seu principal sócio e aliado. Ao invés de acreditar no professor e assumir um papel de fracassado, tornou-se o fabuloso gênio da invenção e agora, toda vez que vemos uma lâmpada elétrica, escutamos uma música ou assistimos a um bom filme, devemos ser gratos a esse homem. Sua fé, luta e persistência tornaram o mundo bem melhor.
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