11-12-2010
Estou Maluco!
Estabeleceu-se um padrão de vida em termos sociais, com expectativas de comportamentos. Ainda que esse padrão seja dinâmico dentro de um processo movido por interesses e necessidades, todos ao nascermos começamos a fazer parte de um mundo já “construído” tanto em termos de organização física, quanto social. Evidente que o termo “construído” não tem o sentido de acabado, mas que ingressamos em um mundo com uma determinada organização e forma de funcionar. Gostemos ou não, é isso que encontramos. Nascemos dentro de um lar quando tivemos o privilégio de não pertencer ao grupo das crianças abandonada ou de rua. Ingressamos em alguma escola, quase sempre pública, com a promessa de nos “educar” e quase sempre depois de anos de “educação” nos questionamos sobre a qualidade do que nos ensinaram. Na adolescência “temos” que continuar os estudos e também namorar. Casar é a próxima etapa, ainda que já se tolere que os envolvidos morem juntos sem o selo oficial humano e divino. Casou, “tem” que ter filhos e tão logo nasça o primeiro, nos perguntam “ quando virá o irmãozinho?”. Nem mesmo terminamos a universidade, quando conseguimos ter acesso a ela quer no ensino público, quer no privado e já começam as cobranças de trabalho e ganhos suficientes para o sustento próprio e da família que criamos. Bem toda essa história você já conhece e já viveu e ainda vive.
Há um outro aspecto de “padrão de normalidade” que quero abordar, ao qual você está submetido. Te levaram a crer que é “normal” a criminalidade, o buscar levar vantagem em tudo, o jogar lixo na rua, a poluição do ar, intoxicação do solo e alimentos. Que é normal entupir-se de gorduras e carboidrato nos restaurantes “fast food”, crescendo pelas laterais, minando teu estado de saúde. Que é normal o desemprego, a pobreza da maioria e a riqueza de alguns, a desonestidade de tantos políticos,o perder-se de duas a cinco horas todos os dias nas grandes cidades, no trajeto entre a casa e o trabalho. Te disseram também que é “normal” os homens tomarem cerveja ou cachaça comendo churrasco nos finais de semana e feriados, falando mal das esposas e do governo e se queixando dos baixos salários que recebam, ainda que se sintam muito eficientes e necessários no trabalho, muitos deles sentindo-se orgulhosos da “barriguinha de cerveja” onde o “inha” é propositalmente diminutivo para camuflar o tamanho da culpa, pois sabem que, em verdade, a terminação real é “ona”. Também te fizeram acreditar que é “normal” as mulheres irem ao cabeleireiro toda semana e, enquanto se sentem embelezadas, falarem da vida alheia com as outras “amigas de salão”. Em casa com a família, te fizeram crer que é “normal” deixar ligada a televisão e assistir a novelas, noticiários e todo tipo de programas que entopem tua mente de lixo. Durante as raras refeições onde a família se reúne, você aprendeu a falar de problemas do trabalho, problemas de escola e problemas de dinheiro onde, por mais gostosa que seja a comida, essa entala na tua garganta, precisando de algum líquido para ser arrastada até o estômago. Mas te ensinaram que o mais comum no entanto quando em casa é cada membro da família estar em uma “atividade” quer vendo TV, quer na internet, quer dormindo, quer trancado no quarto, como se de fato nessa casa houvesse uma família. Te induziram a acreditar que são “normal” as relações afetivas falsas e fingidas, onde o casal não há cumplicidade e falta a fidelidade, onde a postura autoritária substitui o amor e carinho pelos filhos e a hipocrisia e o faz de conta mantém as aparências para a sociedade.
Pode ser que você ainda não tenha se dado conta, mas existe um estado de “normose” e hipnose coletiva que tem funcionado como um grande redemoinho arrastando a tudo e a todos, como se outras águas não houvessem para navegar. Já te adianto que não é fácil sair desse círculo vicioso e se você conseguir um dia sair, saiba que enfrentará muitos problemas e resistência por parte das pessoas próximas de você, quer parentes, quer amigos ou colegas de trabalho. Se quiser mesmo mudar, terá que ser radical e o primeiro passo é mudar tuas atitudes e teus atos. Terá que ficar maluco pois querem te convencer que o padrão de vida e comportamento das pessoas é a normalidade.
Cada vez mais meus “amigos” dizem que fiquei maluco. Alguns ex pacientes também. Colegas psicólogos então estão com absoluta certeza. Incrível que, quase todos, são os mesmos que bebem para “esquecer os problemas”,falam mal das esposas e do governo, assistem as novelas para se “instruir”, são vidrados pelo “jornal nacional” para se atualizar de desgraças e roubalheira em Brasília, comem fast food para se alimentar e têm aquela barriga terminada em “ona”. Pois quero afirmar que eles estão completamente certos. Foi necessário tomar uma atitude radical de mudança. Era preciso “ser maluco”, olhar no espelho, enfrentar a fera e criar vergonha na cara. Foi necessário Entender que para sair do estado de hipnose coletiva e se afastar da “normose” era necessário desligar a TV e não atender telefone durante as refeições e sempre que possível ligar uma música barroca. Que ao final do dia era necessário sentar todos os membros da família no sofá da sala para conversar, sem a interferência de noticiário de desgraças ou novelas da Globo. Que era sábio dar menos presentes materiais para os filhos e mais amor e atenção. Começou a parecer evidente a importância de desenvolver laços reais de família entre o casal e os filhos, mantendo a cumplicidade e a fidelidade, assentadas na espiritualidade, desenvolvidas no amor e embaladas em grandes sonhos. Que era sensato usar boa parte do tempo de lazer para a leitura e treinamentos, agregando assim valor ao desenvolvimento e às relações interpessoais. Que todos seriam beneficiados quando cada um fosse um pouco melhor hoje do que ontem e buscasse centrar a atenção e os atos no interesse dos outros e não mais no próprio umbigo. Se tornava óbvio que um mundo melhor era possível e que cabia a cada um ser agente dessa mudança. Começaram a fazer sentido as palavras do poeta de que sonhar é viver e que o segredo estava na caminhada em busca da realização de objetivos, com muitas horas de trabalho e às vezes muitos espinhos no dia a dia, mas que valia a pena por se encontrar aí porções generosas de felicidade.
Seja sábio! Enlouqueça-se! Saia dessas normose e hipnose coletiva. Você pode! O Universo conspira a teu favor! Abra tua mente! Comece a mudança dentro de você e o mundo mudará. Ao levantar amanha, tenha coragem de olhar para si mesmo através do espelho, enfrente-se e tome uma decisão radical. Estou seguro, você nasceu para vencer. Nasceu não para ser mais um na multidão, não para ser galinha mas para ser águia! A qual mundo você prefere pertencer, ao dos “normais” ou ao dos “loucos”? A decisão é sua!
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