martes, 2 de noviembre de 2010

Como cresci pouco!

16-10-2010


Como cresci pouco!



Toda a base do meu desenvolvimento afetivo e mesmo intelectual foi sendo desenvolvida, moldada e estruturada quando eu ainda era muito pequeno numa pequena fazenda no interior de Santa Catarina. Era criança, pensava como criança e agia também como criança, regido por princípios biológicos que aos poucos eram moldados por meus pais e irmãos, pois eu sou o último de uma família de doze filhos. Lutava desesperadamente com meus irmãos para ter a atenção e carinho dos outros. Eu queria que me considerassem o melhor, o mais inteligente, o mais forte, o mais bonito e queria cada vez mais amor e reconhecimento. Isso produzia sérios atritos com meus irmãos, pois, mais velhos, possuíam melhores instrumentos para conseguir o que eu queria, já que eles também queriam a mesma coisa. Lembro que tinha grande dificuldade em tolerar a crítica e, todas as vezes que alguém discordava de mim, me sentia pouco amado. Com tantos irmãos querendo se afirmar como eu e apenas nossos pais para distribuir amor, eu me agarrava com afinco a qualquer indicação de amor e reconhecimento. Um dia quando minha mãe me perguntou se eu tinha feito uma determinada “arte” eu falei a verdade e percebi que isso provocou nela uma reação de contentamento pois, ao invés de punir, me elogiou por não ter mentido. Logo descobri que falando a verdade sempre teria garantido uma porção maior de sua atenção e amor e, no silêncio de cada momento, tínhamos um acordo expresso no olhar e nos atos em que eu não mentiria jamais e em troca teria mais atenção e amor.

Agora que sou adulto, com 59 anos, sinto que pouco avancei no que se relaciona com minhas necessidades infantis e, em grande parte, sou ainda guiado pelos mesmos impulsos biológicos que carrego desde a infância dentro de mim. Ainda busco o reconhecimento e a aceitação. Luto desesperadamente por amor e sinto que ainda não sou dono de mim mesmo, pois percebo que, como diz S Paulo em Romanos (7:17),” não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que faço”. Tantas vezes busco um rosto que tenha um olhar afetuoso e acolhedor. Cada vez mais sinto forte desejo de ser amado e de amar. Não me refiro ao amor físico, ainda que necessário, mas, por passageiro, desejo o amor transcendente e espiritual, por ser eterno. Tantas vezes sinto necessário estar junto e em total sintonia e harmonia com alguém que se interessasse por mim como eu me interessaria por ela e estando apenas com ela, comunicar sentimentos intensos e profundos na fixação dos olhares, como se não houvesse tempo nem compromissos, mas apenas a contemplação nos elevando a uma dimensão onde não existisse as preocupações costumeiras do dia a dia.

Algumas vezes os espinhos da existência doeram tanto que me empurraram um pouco mais na direção de Deus e por instantes, cheguei a acreditar que apenas Ele me bastaria. No entanto, ao perceber que um homem precisa ser construído sobre essa estrutura biológica herdada e, para tanto, que Deus se manifesta através dos outros, entendi que apenas por eles iria conseguir realizar tantas coisas que ainda preciso fazer. Com o passar dos anos, fui entendendo que Deus aos poucos foi me dando muito e me lembrei de que “ a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir”( Lucas,12:48). Já encontrei muita gente má em minha caminhada, mas percebi que todas elas e seus atos, quer bons ou maus, traziam para mim a semente do crescimento. Por querer ainda realizar muito na vida, sinto necessidade de falar de meus sonhos com alguém especial que esteja disposto a ouvir. Repartir-me com essa pessoa que se dispusesse a me notar, a me dar coragem para prosseguir a caminhada, a me estender a mão com a mesma energia e sintonia que permite fazer a ponte entre a alma do indivídual e a harmonia do universo. Me apego às palavras de Robert Conklin quando diz que somente é possível conhecer esses sentimentos quando “você” me comunica e eu sentisse o que você estaria me comunicando. “Se me ama, toca em mim. Se gosta de estar comigo, sorria para mim. Se sente minha falta, escreva-me. Então meus sentimentos, bem como minha mente, conhecerão nosso amor e amizade. Você estará me ajudando, pois a energia da minha vida é a minha emoção. Esta é a substância que me estimula a realizar, escrever, trabalhar, progredir e a me tornar hoje mais do que era ontem. E quando você faz isso para mim, então fico parecendo um pouco como um cachorrinho. Afague-me, mostre-me afeição e eu sacudirei o rabinho, saltarei, seguirei você por toda parte e farei as coisas que você pedir. Mas seus afagos e afeição devem ser verdadeiros. Pois, como o cachorrinho, posso confirmar. Se sua atenção for um meio falso para me manipular, descobrirei e resistirei a você”.

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