lunes, 13 de septiembre de 2010

FECHE AS PORTAS DO PASSADO

Esse artigo foi publicado no jornal Correio de Uberlandia em 11/09/2010



Na clínica, em psicologia, quase sempre nós psicólogos ganhamos dinheiro com os problemas oriundos do passado de nossos pacientes. O percurso da vida vai deixando marcas, desde o nascimento. O tipo de experiências definirá se essas marcas são boas ou ruins. Evidente que os pacientes que nos procuram, o fazem em função de experiências vivenciadas como negativas em fases anteriores de suas vidas. Também parece fato que muitas experiências anteriormente vividas, quer por excessos, por faltas ou mesmo por acontecimentos inesperados como acidentes, provocam abalos na estruturação da personalidade.Todas essas vivências provocam sentimentos intensos, mas não justificam postura de auto comiseração tão utilizada por tantas pessoas como subterfúgio para não enfrentar o dia a dia e justificar uma atitude covarde e derrotista. A capacidade humana para se adaptar e sobreviver é imensa e apenas as limitações auto-impostas por crenças e paradigmas errôneos, muitos deles estabelecidos com o aval da ciência, podem abortar nossos sonhos. Quantas pessoas que reúnem todas as condições para ter uma vida de qualidade e bem estar, mas se apegam a episódios do passado e fazem deles a justificativa para a inanição e infelicidade.
Nosso passado está definido e é definitivo. Nenhuma vírgula poderá ser mudada. Em nossas mãos temos apenas o presente e as expectativas para o futuro que será construído sempre a partir do presente. O passado é história e o futuro é fantasia. Todos os acontecimentos pelos quais passamos foram nos moldando e o que somos hoje é o retrato de nosso passado, quer na alegria ou na tristeza. Mas temos grande controle sobre a forma como vamos sendo moldados. O grande segredo não está nos acontecimentos pelos quais passamos, mas na maneira como reagimos a eles. Evidente que a perda de um ente querido ou alguns outros acontecimentos trágicos provocam muita dor e lágrimas. Elas são válvulas criadas pela natureza para lidarmos com as emoções transbordantes, mas muitas pessoas demoram muito para fechar as portas da dor. Essas pessoas se preocupam demasiado com a morte, ignorando que não têm qualquer arbítrio sobre ela.
O processo de viver deve ser um exercício constante na elaboração da angústia da morte, a maior de todas as angústias. Como nos lembra Napoleon Hill, nosso corpo vem do ar e do solo e fatalmente volta às origens de onde veio. Provável que a parte mental e espiritual e quem sabe alguma misteriosa essência da vida também voltem às origens as quais podemos sentir, mas somos incapazes de descobrir. Sr. José meu pai, quando vivo, sempre dizia lhe preocupar o pós morte, pois, ainda que as religiões afirmem categoricamente haver uma continuação da vida em outra dimensão, ninguém havia voltado para confirmar essa certeza religiosa. Mas que seja assim. Em relação às perdas que você já teve, carregue com você não a dor que sentiu quando o ser amado morreu e sim as lembranças positivas e sustentadoras que tornaram o ente perdido em alguém tão especial. Jamais esqueça que, da mesma forma que a vida é um processo natural, a morte também o é. Por isso a frase bíblica profética: “ lembra-te, ó homem, que és pó e que em pó te hás de tornar”. O mundo inteiro é constituído de apenas duas substâncias: Energia e matéria e sabemos que ambas não podem ser criadas ou destruídas pelo homem. A própria matéria parece não ser sólida, pois, imensos espaços convivem com as partículas que a constituem. Tanto a matéria quanto a energia podem ser transformadas, mas jamais destruídas. A física nos mostrou que a vida humana é energia e se nem energia nem matéria podem ser destruídas, a vida também não pode ser destruída. O que ocorre é que, como outras formas de energia, pode passar por vários processos de transição ou transformação, mas jamais pode ser destruída. Se fôssemos mais incrédulos que S Tomé, e imaginássemos que a morte não fosse mera transformação ou transição de energia, então creríamos que nada mais vem depois dela senão um sono longo, profundo, eterno e tranqüilo. Sono assim não tem motivo algum para ser temido.
Agradeça a Deus todos os dias por todos os infortúnios pelos quais já passou. Se foram muitos, agradeça mais ainda. Se foram muito dolorosos, aí sim você tem motivo mais sólido para agradecer a Deus. Saberá por que deve agradecer tanto a Deus quando entender que todas as adversidades, sem exceção, trazem em si a semente de um bem igual ou maior. Depende somente de você. Portanto, feche as portas do passado e mantenha-as sempre fechadas e jamais deixe que experiências anteriores interfiram na tua felicidade no presente.

* Psicólogo,Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor- Prof. Associado
- Instit. de Psicologia-UFU-Email: cvital@mailcity.com Tel.034-9158-9012

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