martes, 1 de febrero de 2011

A VERDADE QUE DESTRÓI

29-01-2011


A verdade que destrói



As limitações da natureza tornaram o ser humano um elemento inseguro. Ainda que às vezes se deixe iludir, nunca tem controle sobre absolutamente nada desde seu nascimento até sua morte. Tudo é presente e empréstimo para que possa sobreviver e faça o melhor uso do que ganhou. O meio e cultura onde nascer e viver o influenciará na construção de seu universo. Toda essa insegurança o impulsiona em direção ao aprendizado e ao desenvolvimento, na tentativa de encontrar um controle que em verdade jamais virá. Quando descobrir isso, no entanto, será tarde demais, muitas águas terão passado e suas crenças já se transformaram em paradigmas.

Nos primeiros anos de vida, em função de as inseguranças serem mais gritantes e por questões de sobrevivência, cada indivíduo mantém-se aberto a novas experiências e aprendizados que aos poucos guiarão seus passos. Existem muitas leis que, independente se você acredita nelas ou nao, irão funcionar da mesma forma, podendo lhe causar sérios danos caso as ignore. Se soltarmos um copo de nossas mãos, fatalmente estará a mercê da lei da gravidade e cairá até encontrar um anteparo que o sustente. Ao dia se sucede a noite quer levemos ou não em conta. Em qualquer parte do mundo será assim e desrespeitar essas leis é mera tolice.

Existem, no entanto, as verdades que são construídas pelo homem e, por serem construídas, são “verdades relativas” e portanto não universais, podendo se aplicar a um individuo, a um grupo ou mesmo a uma nação, mas não a toda a humanidade. Todos temos “nossas verdades” e, se não tomamos cuidado, tentamos impô-las aos outros. Temos dificuldades em perceber que nossas crenças são óculos que colocamos sobre nossos olhos que nos fazem ver a realidade de um determinado modo, quase sempre distinto da forma como os outros a vêem e a interpretam. Quanto mais velhos ficamos, nos acostumamos tanto com essas lentes, que temos a impressão que o mundo é exatamente assim como o vemos, quando é construção individual e faz parte apenas de nosso micro universo. Quando essas verdades relativas são tratadas como absolutas, trazem em si grande potencial para o conflito e a intolerância. A maioria das pessoas, ainda que possa apresentar menos flexibilidade em suas crenças e paradigmas com o passar da idade, se mostra aberta a novos ventos e sempre vai se renovando num processo de reconstrução das próprias verdades, respeitando outras crenças e mantendo uma boa convivência. No entanto, algumas pessoas e povos, reivindicam o monopólio da verdade e tentam impor seus valores, pensamentos e formas de ser e viver, gerando todo tipo de problemas de relacionamento, guerras e destruição. Isto pode se dar dentro da família, no ambiente de trabalho ou em qualquer relacionamento. Sem o respeito às diferenças não há nem crescimento nem boa convivência.

Sobre esse tema, reproduzo abaixo um texto publicado em novembro de 1921 por um dos mais ilustres pensadores que já tive o privilégio de ler, Napoleon Hill, intitulado “ensaio sobre a intolerância”:

“Quando o alvorecer da inteligência se espalhar sobre o horizonte oriental do progresso humano, e a Ignorância e a Superstição tiverem deixado suas últimas pegadas nas areias do tempo, será registrado, no último capítulo do livro dos crimes do homem que seu pior pecado foi o da intolerância. A pior intolerância é a que nasce de preconceitos religiosos, raciais e econômicos, e das divergências de opinião. Quanto tempo passará ainda, ó Deus, até que nós, pobres mortais, compreendamos a loucura de tentarmos destruir-nos um ao outro porque somos de diferentes crenças religiosas ou origem raciais? O tempo que nos foi concedido nesta terra é apenas um breve instante. Como uma vela, somos acesos, brilhamos por um momento, tremeluzimos e morremos. Por que não podemos aprender a viver de tal modo durante nossa curta visita que, quando chegar a grande Caravana chamada Morte e anunciar que a visita terminou, estejamos prontos para dobrar nossas tendas e, silenciosamente, sem medo ou temor, mergulhar no grande desconhecido? Quando houver cruzado a fronteira para o outro lado, espero não encontrar nem judeus nem gentios, nem católicos nem protestantes, nem alemães, nem ingleses, nem franceses. Espero lá encontrar apenas Almas humanas, Irmãos ou Irmãs, sem as marcas da raça, do credo ou da cor, pois quererei que haja acabado a intolerância e eu possa repousar em paz por toda a eternidade”.


Comentários (2)

Waldiva Carvalho
29-01-2011
Adorei, publiquei partes no Facebook, Parabéns. Waldiva


Naiara
31-01-2011
Maravilha de texto, parabéns!

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